O ministro da Educação e novo presidente do Partido dos Trabalhadores, ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, é um dos políticos mais respeitáveis de todos quantos emergiram do ambiente acadêmico para a vivência dos desafios da luta política, militando num partido socialista.

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Mérito intelectual não faltou para fazer de Tarso um bem-sucedido professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nome que ultrapassou os limites da província mercê dos vários livros que publicou sobre temas políticos, econômicos e filosóficos, com os quais firmou posição dentre os mais importantes intelectuais do País.

Homem de partido, mas não forjado nas futricas da política com p minúsculo, apesar de ter vivido como prefeito de Porto Alegre as vicissitudes comuns – muitas delas cruciais – que perfazem o cotidiano do administrador público, Tarso conseguiu manter-se ao largo da mesquinharia e do apelo falacioso à irresponsabilidade.

Assumir a presidência do PT no auge da crise de autoridade, liderança e credibilidade que o partido enfrenta, em primeiro lugar deve ser interpretado como ato de grandeza e desprendimento, além de representar para o presidente Lula, talvez, o desesperado esforço na reconstrução dos diques avariados pela enxurrada moral.

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Quando falou da necessidade de uma auditoria nas contas do PT, Tarso não pretendeu jogar para a platéia e tampouco espezinhar os dirigentes da véspera, afinal, quadros que conduziram o partido à inusitada condição pré-falimentar exposta nas últimas semanas.

Decerto deu guarida à decisão, vergando-se como milhões de patrícios ao peso incomensurável do volume de indícios do envolvimento de dirigentes com personalidade do porte de Marcos Valério de Souza, contrafação mineira do rei Midas.

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A varredura que escoimou do diretório Delúbio Soares, Sílvio Pereira e Marcelo Sereno, cujos respingos não pouparam o então presidente José Genoino, como também ensejara a queda do desacreditado delfim José Dirceu, obriga o partido a uma reforma interna radical, a primeira com essa dimensão, sobretudo porque a esquerda se fortaleceu no propósito de conquistar o comando nacional.

Tarso tem a fazer um trabalho duro e desgastante. A amplitude dos compromissos financeiros do partido estarrece diante da revelação da série de empréstimos intermediados por Marcos Valério. O atual presidente não pretende apagar a luz e bater a porta.