O consumo de eletricidade no Paraná cresceu 3,4% nos nove primeiros meses de 2006, comparativamente a igual período do ano passado. A variação foi fortemente influenciada pela maior utilização de energia elétrica no segmento comercial, com expansão de 4,9%, e no setor industrial, em que o consumo subiu 3,5%. Somadas, as duas classes respondem pelo consumo de 55% de toda eletricidade demandada no Estado. Entre as demais classes de consumidores, os percentuais de crescimento foram de 2,8% nas residências e de 2,4% no meio rural.
Em números absolutos, os paranaenses consumiram de janeiro até setembro deste ano 15,4 milhões MWh (megawatts-hora) de eletricidade contra 14,89 milhões MWh, em 2004. A diferença equivale ao consumo anual de todo o litoral paranaense, incluindo Paranaguá, ou de uma cidade como Cascavel, que tem cerca de 285 mil habitantes.
Fim de ano
Na avaliação do presidente da Copel, Rubens Ghilardi, o comportamento do mercado de energia elétrica, em 2006, não foge do que havia sido projetado pela Companhia. ?Nossas estimativas indicam que devemos chegar ao fim deste ano, registrando crescimento percentual próximo ou até superior ao observado em 2005, que chegou a 3,6%?, afirmou.
?Tradicionalmente existe uma intensificação no uso da eletricidade durante o último trimestre do ano, por conta do aumento da produção industrial e também do maior movimento no comércio?, explicou o presidente da Copel. Para Ghilardi, o efeito dessa sazonalidade pode fazer com que o percentual de crescimento do consumo já realizado até setembro, de 3,4%, aumente um pouco mais.
Distorção
A Copel chegou ao dia 30 de setembro, atendendo em todo o Estado a 3,32 milhões de unidades consumidoras ? 80 mil a mais que na mesma data do ano passado. Desse total de ligações, 2,618 milhões são residências, 327 mil domicílios e propriedades rurais e 277 mil, estabelecimentos comerciais. A classe industrial soma 55.291 consumidores, ou 172 indústrias a mais que o total de ligações existentes 12 meses antes.
?Esse dado desmente categoricamente algumas informações que chegaram distorcidas à sociedade de que estaria havendo migração de consumidores industriais da Copel para empresas concorrentes?, disse o presidente da estatal. ?Na verdade, o que ocorre é que a Copel está perdendo clientes para ela mesma, pois são indústrias que, ao optarem por se transformar em consumidor livre, deixam de integrar a base de atendimento da Copel Distribuição e passam a compor a carteira de clientes da Copel Geração.?
Como explicou Rubens Ghilardi, essa migração dentro da própria empresa é decorrência do novo modelo institucional do setor elétrico brasileiro, que entre as diversas medidas adotadas para disciplinar e harmonizar o seu funcionamento e harmonizar a atuação dos agentes, proibiu as concessionárias de distribuição de prestarem atendimento direto aos consumidores livres.
?Os consumidores com demanda superior a 3 mil quilowatts e atendidos em tensão igual ou maior a 69 mil volts podem optar por migrar para o mercado livre e, nessa condição, deixam de fazer parte do mercado cativo da Copel Distribuição?, detalhou o presidente. ?Mas a quase totalidade desses consumidores prefere continuar com a Copel, e contrata a Copel Geração como sua supridora permanecendo conosco.?
Sem sobra
Ghilardi revelou, também, que consumidores que se tornaram livres e contrataram outras empresas como supridoras têm procurado a Copel e manifestado interesse em voltar a tê-la como parceira. ?Acontece que a Copel não tem sobra de energia para poder atender a novos consumidores livres?, observou o presidente. ?Com a adoção do modelo de pool, em que a energia é comprada e vendida através de leilões, toda a disponibilidade da Copel Geração e todas as necessidades da Copel Distribuição já estão contratadas.?
Com tal argumento, o presidente da Copel refuta qualquer possibilidade de o movimento de entrada ou saída dos consumidores livres exercer efeitos relevantes no faturamento ou no resultado da Companhia. ?A indústria que estiver no Paraná vai continuar operando e consumindo energia aqui, mesmo que seja suprida por uma outra empresa?, anotou. ?A eletricidade que ela vai usar continuará passando pelos nossos fios e a Copel continuará sendo remunerada por isso.?
