Pelo terceiro mês consecutivo, o consumo de combustíveis líquidos registrou queda em relação a igual período do ano passado. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as distribuidoras venderam em agosto cerca de 7,98 bilhões de litros para a rede de varejo, com queda de 0,66% em relação a agosto do ano passado. Em junho, as vendas ficaram 1,58% abaixo das registradas em junho de 2005 e em julho a queda foi de 2,78%. No acumulado do ano, as vendas até agosto registram aumento de apenas 0,13%, bem abaixo das projeções da própria Petrobras, que vinha trabalhando com expectativa de aumento de 2,5% este ano em relação ao ano passado.
Tradicionalmente há uma forte correlação entre o consumo de combustíveis e o ritmo da atividade econômica. Os dois únicos combustíveis com aumento expressivo este ano em relação ao observado no ano passado, entre os oito detalhados pela ANP, foram o álcool hidratado e o querosene de aviação, com aumentos de 19,46% e 10,32%, respectivamente, sobre agosto de 2005.
No acumulado do ano, as vendas de álcool hidratado registraram aumento de 22,75% sobre os oito primeiros meses de 2005. No mês, as vendas de álcool pelas distribuidoras somaram 486 milhões de litros, só ficando abaixo do observado em dezembro do ano passado. Naquele mês, as vendas somaram 509 milhões de litros, devido à desova de estoques pelas empresas, após a ANP obrigar a adição de corantes no álcool anidro (misturado à gasolina) para evitar fraudes no setor. O aumento mais forte este ano reflete a manutenção de preços mais baixos do produto em relação ao observado no ano passado.
O consumo de gasolina C (misturada ao álcool) em agosto somou 1 978 bilhão de litros, com redução de 3,58% em relação ao mesmo mês de 2005, acumulando o terceiro mês seguido de queda. Desde fevereiro, o combustível recebe a adição de 20% de álcool anidro enquanto no ano passado essa porcentagem era de 25%. Os produtores de álcool estiveram esta semana com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pleiteando que o governo volte a elevar a mistura do álcool na gasolina. Os produtores alegam que a próxima safra deverá ter maior oferta de álcool devido à queda dos preços do açúcar no mercado internacional. Com os preços menores do açúcar, os produtores ampliam a produção do álcool.
O óleo diesel, que lidera o volume de vendas entre os derivados de petróleo, acumulou em agosto o terceiro mês consecutivo de queda, em relação a igual período do ano passado. Pelos dados da ANP, o mercado nacional absorveu 3,504 bilhões de litros, com queda de 3,67% sobre agosto de 2005, quando o volume negociado somou 3,638 bilhões de litros, recorde absoluto na história do País. No acumulado em 8 meses, as vendas de óleo diesel pelas distribuidoras registraram queda de 2,47% sobre janeiro/agosto de 2005.
Técnicos da Petrobras explicam que a redução do consumo do diesel reflete, em parte, a queda na safra agrícola. As máquinas agrícolas consomem grande quantidade do combustível na colheita. Em abril, por exemplo, quando a quebra de safra se consumou, a queda nas vendas de diesel atingiu 7,59% sobre igual período de 2005. Em maio, houve ligeira recuperação (0,24% sobre maio de 2005), mas voltou a cair nos meses seguintes, em junho (4,08%) e julho (6,14%).
O outro combustível industrial de maior consumo, o óleo combustível, movimentou 515 milhões de litros em agosto, com aumento de 7,69% em relação a agosto de 2005. No acumulado do ano, porém, a ANP apurou queda de 3,79% sobre os oito primeiros meses do ano passado.
No caso do GLP, ou gás de cozinha, as vendas de agosto somaram o equivalente a 1,054 bilhão de litros, com queda de 0,21% sobre igual período do ano passado. Foi também o terceiro mês consecutivo de queda, em relação a 2005. No acumulado no ano, porém, a ANP registrou aumento de 0,97% sobre os oito primeiros meses de 2005. Esse combustível está há cerca de dois anos sem reajustes de preços e técnicos do setor apontam que o movimento reflete, em grande parte, a evolução do emprego e renda da população.
Entre os outros combustíveis líquidos acompanhados pela ANP, a querosene de aviação movimentou 434 milhões de litros, com aumento de 10,32% sobre agosto do ano passado e de 4,13% no acumulado no ano. O setor aéreo nacional, apesar dos problemas que afetam a Varig, vive um dos melhores momentos da histórica, com forte aumento no transporte de passageiros.
No caso da gasolina de aviação (5,2 milhões de litros em agosto) e querosene de iluminação (3,4 milhões de litros), os volumes são pequenos e registraram movimentos díspares. Enquanto a gasolina de aviação cresceu 29,18% sobre agosto de 2005 e queda de 6,23% no acumulado do ano, o querosene de iluminação registrou quedas de 35,51% no intervalo de 12 meses e de 26,67% no acumulado.