Rio – O consumo das famílias cresceu 4% no primeiro trimestre de 2006 em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa ficou 0,5 ponto percentual acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) que foi de 3,4%. Os dados constam do boletim das Contas Nacionais Trimestrais, divulgado hoje (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O aumento da massa salarial, do percentual de pessoal ocupado e dos rendimentos beneficiou o crescimento do consumo das famílias. Mas de acordo com a gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Rebecca Palis, apesar de a taxa ser positiva, apresentou ligeira desaceleração no ritmo que vinha sendo observado. E não foi fator determinante no crescimento do PIB, como em 2005 ? no índice divulgado hoje, os investimentos concentraram a alta.
A chamada Força Bruta de Capital Fixo, que são os investimentos planejados na economia, cresceu 9% na comparação com o primeiro trimestre de 2005. A taxa é a maior desde o último trimestre de 2004. Os investimentos também cresceram 3,7% em relação ao quarto trimestre do ano passado. Na avaliação de Rebecca Palis, esse aumento resulta da reunião de fatores favoráveis, como a queda na taxa de juros, o aumento do crédito, o crescimento na construção civil e a importação de máquinas e equipamentos.
A gerente apontou a implementação de programas específicos do governo em infra-estrutura, como a Operação Tapa-buracos, e a ampliação em 17,2% do crédito direcionado para a habitação como responsáveis pelo crescimento de 7% observado na construção civil. E avaliou que o investimento é um reflexo do crescimento: "Se você cresce, uma hora chega num gargalo e tem que investir para continuar a crescer, não só em máquinas e equipamentos, mas também em infra-estrutura". Ela também lembrou que o câmbio foi favorável para os investimentos, pois estimulou as importações.
Os indicadores divulgados mostraram ainda que o crescimento do PIB foi baseado na demanda interna do país, tanto pelo crescimento da indústria (5%) como pela ampliação das importações e pelo aumento do consumo das famílias. Rebeca Palis explicou que em 2000 e nos anos seguintes o crescimento do PIB foi baseado na demanda externa e que, a partir de 2004, o desempenho do PIB ficou mais ancorado no setor interno. No entanto, até agora as exportações tinham participação positiva no índice.
A variação das importações de bens e serviços (15,9%), maior do que a das exportações (9,3%) indicou a demanda nacional de investimentos.