Os cortes nos juros feitos pelo Banco Central (BC) desde setembro começaram a chegar aos consumidores em outubro. O custo dos empréstimos apresentou queda de 0,4 ponto porcentual e baixou dos 62,1% em setembro para 61,7% ao ano ao final do mês passado. "É possível que já tenhamos algum efeito da queda dos juros neste dado", disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico (Depec) do BC, Luiz Malan. Ele acredita, no entanto, que impacto será maior no futuro. "A tendência é de que isto se intensifique na frente", comentou.

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Na mesma tendência, o rendimento pago pelos bancos às aplicações financeiras feitas pelos consumidores também caiu no mês passado, chegando a 17,8%, a menor taxa média desde dezembro. Essa taxa é olhada com atenção pelos economistas porque costuma indicar para onde vai a taxa futura de juros.

Com taxas mais baixas, a procura por crédito dos consumidores manteve a tendência de alta em outubro e avançou 2% com relação a setembro. O crescimento, no mês passado, veio puxado pelas operações de financiamento com cartão de crédito. Estas operações apresentaram incremento de 3,5% e subiram dos R$ 10,853 bilhões de setembro para R$ 11,232 bilhões.

O crédito pessoal teve, no mesmo período, uma alta de 2% e variou dos R$ 60,628 bilhões para R$ 61,859 bilhões. O chefe-adjunto do Depec disse que, nos primeiros dez dias úteis deste mês, os empréstimos aos consumidores tiveram aumento de volume de 1,5%. "É possível que já exista aí alguma influência sazonal das festas de fim de ano", comentou.

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Malan destacou, ao mesmo tempo, o aumento do prazo médio dos empréstimos bancários aos consumidores em outubro. "Com prazos maiores, as prestações passam a caber com mais facilidade dentro do orçamento das famílias", disse. Para Malan, os consumidores tendem a dar prioridade a esta questão. "Isto, para muita gente, é mais importante que a taxa de juros", afirmou. No mês passado, o prazo médio destas operações aumentou de 308 para 310 dias. No ano, o BC já identificou uma elevação acumulada de 14 dias no prazo médio das operações de crédito feitas pelos consumidores junto aos bancos.

As empresas, por seu lado, intensificaram em outubro a procura de empréstimos bancários direcionados para o aumento da produção, segundo dados do BC. Apesar disso, o economista da corretora Concórdia, Elcio Telles, manteve uma previsão negativa para o comportamento da indústria no mês passado. "No melhor cenário, a produção industrial ficará estável em outubro", disse. A maioria do mercado, segundo Telles, aposta numa retração de 0,5% no mês passado.

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"O BC deverá dar alguma dica sobre o comportamento da produção industrial na quinta-feira da próxima semana, quando será divulgada a ata da última reunião do Copom", comentou. Para o mercado, a produção industrial só deverá começar a se recuperar em novembro.