Relatório confidencial do Departamento de Auditoria dos Correios encontrou
irregularidades na contratação do brigadeiro Venâncio Grossi, ex-diretor do
Departamento de Aviação Civil (DAC), para fazer em 2003 uma consultoria externa
na reestruturação dos contratos da Rede Postal Aérea Noturna.

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Os
documentos da contratação do brigadeiro, segundo descobriram os auditores
durante a inspeção dos contratos da Rede Postal Noturna, concluída em outubro de
2004, sumiram dos arquivos da estatal. Além disso, R$ 261 mil foram pagos ao
brigadeiro de forma irregular. Os Correios usaram recursos de um convênio com a
Universidade de Brasília (UnB), de finalidade estranha ao objetivo da
consultoria, para justificar os pagamentos a Grossi.

A Rede Postal Aérea
Noturna está sob o foco da CPI dos Correios por causa de denúncias do deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ) que ligaram a empresa Skymaster Airlines, dona de um
dos contratos da rede, ao secretário-geral do PT, Silvio Pereira que nega as
acusações de Jefferson. A Skymaster venceu, em dezembro de 2003, uma licitação
no valor de R$ 56,4 milhões para fazer o transporte de cargas postais entre
Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Manaus.
Posteriormente, esse contrato, sob a alegação da necessidade de recomposição do
equilíbrio financeiro, praticamente dobrou de valor. A licitação vencida pela
Skymaster no final de 2003 foi feita na seqüência do trabalho de consultoria
realizado por Grossi.

O ex-diretor do DAC foi contratado pelos Correios
para dar uma assessoria na renegociação dos contratos da Rede Postal Noturna
aberta pela estatal durante a gestão do ex-ministro das Comunicações Miro
Teixeira. Segundo a auditoria, a contratação do brigadeiro foi feita de forma
totalmente irregular. Os serviços de Grossi foram incluídos na execução de
convênio de R$ 5,5 milhões celebrado pelos Correios com a UnB, que nada tinha a
ver com a Rede Postal Noturna e visava o treinamento de pessoal. Para justificar
o pagamento a Grossi, foram apresentadas faturas no valor de R$ 281 mil
relativos a supostos serviços realizados para a automação da rede de agências
dos Correios.

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Durante a auditoria, a UnB alegou que os pagamentos não
foram feitos a Grossi, mas exclusivamente aos contratados para realizar os
serviços previstos no convênio com os Correios. Mas a própria estatal confirmou
os repasses ao brigadeiro. Por causa da divergência de informações, a auditoria
recomendou a análise do caso à Secretaria Federal de Controle Interno. Além
dessas irregularidades formais, a contratação do brigadeiro ficou sob suspeita
por outros motivos. Segundo revelou a revista ‘Época’ desta semana, durante a
reestruturação dos contratos da Rede Postal Noturna, Grossi foi alvo de
espionagem da Skymaster.

A empresa levou ao ex-ministro Miro Teixeira um
dossiê contra Grossi que mostraria ligações do brigadeiro com um grupo
concorrente, a Promodal. O dossiê contém cópias de recibos que mostram como as
despesas de Grossi com hospedagem e restaurantes em Brasília, durante a
consultoria aos Correios, eram pagas pela Promodal. Na licitação vencida pela
Skymaster, a Promodal foi desclassificada.

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