Viver da venda de seus livros, o professor de francês Francisco Soares, da rede de ensino público do Amapá, já vive. A questão agora é criar condições para captar recursos para bancar a impressão de suas publicações, que atualmente faz com recursos próprios. De 1995 até hoje foram quatro livros publicados, alguns já na segunda edição. ?Hoje, a maior parte da minha renda vem dos meus livros e não das aulas que dou?, assinala Francisco.
Mas a paixão pelas letras e a vontade de viver como escritor profissional têm custos. Divulgação e venda são feitos pelo próprio Francisco, que sai pelas noites de Macapá com livros embaixo do braço. Com isso, diz, vida particular passa a não existir. ?Quando não estou dando aula, estou vendendo livros. Por isso, minha vontade é melhorar e por isso estou procurando formas de atuar de maneira mais profissional no mercado editorial?, afirma.
Na tarde deste domingo (16), o professor Francisco passou quase uma hora reunido com o consultor Fernando Portella, da Rede de Negócios Culturais, do Rio de Janeiro, que está na Feira do Empreendedor de Macapá prestando consultoria sobre ?Empreendedorismo Cultural? e captação de recursos para projetos culturais. ?Vi que é preciso adaptar algumas coisas para poder atingir o nível de profissionalismo que pretendo e conseguir aumentar as vendas dos meus livros?, disse Francisco.
Maranhense de nascimento e amapaense de coração, o último livro lançado por Francisco é ?Réu confesso?, que narra em literatura de cordel a saga de uma mulher que morreu por amor. Com recursos próprios, ele imprimiu 5 mil exemplares, que começou a vender em agosto. Desde então, comercializou 500 unidades. ?A esperança é que atinja o sucesso do meu primeiro livro, que vendeu os mil exemplares da primeira edição e já está na segunda edição?, torce.
Dicas
Para Portella, Francisco já mostrou iniciativa ao escrever e publicar seus quatro livros com recursos próprios. Como dica, o consultor diz que o primeiro passo rumo ao profissionalismo é o escritor trabalhar com temas que podem ser atuais e universais. Depois, investir na montagem de uma rede de artistas, o que pode ser um instrumento para divulgar o trabalho de todos os integrantes.
?Além do aspecto de divulgação, a rede pode ter a finalidade de aumentar os relacionamentos de Francisco no meio cultural amapaense. Relacionamento em cultura é fundamental?, avalia Portella. Segundo ele, a união entre artistas, escritores, produtores, promotores e empresas de eventos é uma forma de sensibilizar autoridades públicas e empresas privadas para a questão da cultura.
Negócios culturais
Consultor do Sebrae, Fernando Portella diz se depara com casos como do Francisco freqüentemente. Segundo ele, a melhor saída para o empreendedorismo cultural está na união de esforços entre os diversos atores da cadeia. Foi isso que deu origem à Rede de Negócios Culturais, que mantém no Rio de Janeiro.
A rede, que é vinculada ao Instituto Cultural Cidade Viva, reúne artistas, produtores culturais, profissionais do turismo, educadores, e gestores culturais, públicos e privados, executivos da área de Marketing de Relacionamento e Comunicação em empresas patrocinadoras.
?São pessoas que desejam iniciar seu próprio negócio no mercado cultural. Profissionais da área de gastronomia, comunicação, artesanato, meio ambiente e entretenimento, promotores e produtores de eventos, que buscam conhecimento de como obter parcerias e patrocínios para seus projetos?, informa.
Criada em setembro de 2004, com apoio do Sebrae no Rio de Janeiro, a rede tem a finalidade de identificar parcerias e negócios entre seus membros. Com isso, promove a viabilização de projetos e serviços dentro dos diversos segmentos que envolvem a cultura.