A consulta popular sobre a instalação de uma Assembléia Constituinte no Equador reacendeu o debate sobre a dolarização do país. Estabelecido em 2000, como saída para o caos de uma crise financeira e cambial que fez o PIB recuar 6,3% em 1999, o sistema eliminou a moeda nacional, o sucre. Hoje, no Equador, só há circulação de dólares, com a exceção das moedas, que são equatorianas, mas correspondem exatamente às subdivisões em centavos do dólar.
O presidente Rafael Correa é um conhecido adversário da dolarização, que já classificou como ?o maior erro de política econômica da história do Equador?. Apesar de ainda ter batido nesse tema durante a campanha eleitoral em 2006, ele foi aos poucos revisando sua posição, e hoje diz que é muito difícil reverter a dolarização e essa possibilidade está descartada no seu mandato de quatro anos.
No entanto, como a Assembléia Constituinte terá – caso o ?sim? seja vitorioso na consulta popular sobre a sua instalação, amanhã – ?plenos poderes para transformar o marco institucional do Estado?, a campanha da oposição pelo ?não? vem acenando com o fantasma do fim da dolarização.
?Quem votar pelo ?sim? estará votando pela ditadura e pela volta do sucre e da pobreza?, declarou na quinta-feira Álvaro Noboa, o homem mais rico do Equador, dono de um império centrado na exportação de bananas, e candidato presidencial derrotado no segundo turno das últimas eleições.
Cauteloso, Correa vem reiterando que a Constituinte não tem nenhum vínculo com a questão da dolarização. O presidente lembrou até a ironia do fato de que a atual Constituição determina que o sucre é a moeda nacional.
De qualquer forma, não é tão evidente assim que a desdolarização seja uma causa impopular. De um ponto de vista puramente econômico, a dolarização parece ter funcionado. A economia cresceu a uma média anual de 4,7% de 2000 a 2006, e a inflação caiu para a faixa de 2% a 3%, depois de ter atingido 96% em 2000. Mas há pessoas, como o motorista de táxi Fernando Barona, que acha que a vida em dólares ficou cara demais: ?Só quem ganhou com a dolarização foram os empresários?, disse.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo