O início das construções da Usina Nuclear de Angra III pode ser definido ainda este ano, avaliou hoje (13) o presidente da Eletronuclear, Paulo Figueiredo. Ele participou de palestra na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro.
Segundo o executivo, a crise política atrasou o encaminhamento de estudo da estatal à Presidência da República pelo Conselho Nacional de Política Energética (Cnpe). Figueiredo acredita, contudo, que o relatório será entregue em no máximo dois meses para apreciação pelo Presidente Lula. Admitiu, no entanto, que o agravamento da crise poderá retardar o processo para o próximo ano.
Paulo Figueiredo afirmou que a mudança de comando no Ministério de Minas e Energia, com a ida da Ministra Dilma Rousseff para a Casa Civil e a nomeação de Silas Rondeau, não modificará a posição do governo favorável à construção de Angra III. "Ela (Dilma Rousseff) nunca foi contrária à construção da usina. O que ela discutia no âmbito do Ministério era a oportunidade de se reiniciar as obras este ano porque o cenário que o ministério tratava era mais amplo do que nós da Eletronuclear trabalhamos", explicou Figueiredo.
Enquanto o Ministério de Minas e Energia trabalha com todas as fontes de energia, a Eletronuclear se atém à energia nuclear, esclareceu. O estudo da empresa atesta que a usina poderá ser construída em 66 meses, a partir da decisão do governo, com base na experiência operacional de Angra II. A obra envolve novos investimentos da ordem de 1,8 bilhão de euros, ou o correspondente a R$ 5,4 bilhões em cinco anos.
Esse total seria financiado pela Eletrobrás, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e por bancos comerciais estrangeiros. "Nós já tivemos alguns entendimentos com organismos internacionais que estão dispostos a financiar por completo a construção da usina", revelou. Paulo Figueiredo disse que a garantia da operação pode ser a compra de energia ou mesmo de urânio.
Advertiu ainda que a construção da usina só depende do "Cnpe encaminhar ao Presidente da República para tomar a decisão". Informou que isso deveria ter sido decidido agora em julho, "antes do cenário político. Com esse reboliço todo, tem que esperar". O Presidente da Eletronuclear analisou que o novo ministro Silas Rondeau também vê Angra III com bons olhos. "A decisão deles nunca é sempre pessoal. É do interesse do país e da atividade", avaliou, referindo-se à postura adotada pelos diversos ministros.
Até agora, foram investidos na usina nuclear de Angra III U$ 750 milhões ou o equivalente a 600 milhões de euros.