O chefe da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales, explicou que a perda de participação do Sudeste no setor de construção civil, de 1996 a 2005, ocorreu porque "a construção responde a um movimento mais geral da economia e, ainda que o Sudeste continue líder em todos os setores, há progressivamente um processo de desconcentração (no País) e o setor de construção vem a reboque disso". Segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) divulgada hoje, a região Sudeste reduziu a participação no valor das obras executadas de 65,7% em 1996 para 55,2% em 2005.
Os Estados que puxaram para baixo a participação da região na construção foram São Paulo (cuja fatia no valor das obras caiu de 39,7% em 1996 para 30,4% em 2005) e Rio de Janeiro (de 14,5% para 10,6%). O único Estado da região que elevou a participação no total nacional foi o Espírito Santo (2,2% para 3,9%). Segundo Sales, a ascensão capixaba ocorreu porque a economia local vem "ganhando espaço" por causa da crescente industrialização, especialmente em segmentos da indústria extrativa mineral.
A industrialização também foi a justificativa apresentada por ele para a expansão da participação da região Norte (3,2% em 1996 para 7,4% em 2005) no valor das obras, no que diz respeito especialmente aos Estados do Pará e do Amazonas. No caso do Tocantins, que também ajudou a puxar os ganhos da região, Sales observou que a população de Palmas, capital do Estado, cresceu cerca de 150% no período, bem acima da média do crescimento da população do Brasil (18,9%). "A chegada de mais pessoas na cidade é um estímulo à urbanização e o setor de construção se beneficia disso", disse.