O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de processo contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirel-les, encarregando da tarefa o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. A medida foi subscrita pelo ministro Marco Aurélio de Mello, pouco depois de a corte estender a prerrogativa de ministro de Estado à pessoa do presidente do BC, em se tratando do julgamento de atos considerados lesivos ao patrimônio público.
Trata-se de séria lesão ética e moral sofrida pelo governo Lula, ao assistir um de seus componentes mais destacados ser investigado pela Procuradoria Geral da República em pleno exercício do cargo, do qual deveria afastar-se até a conclusão do inquérito, evitando destarte o insólito e desgastante constrangimento do presidente da República.
Meirelles foi presidente do BankBoston até deixar o posto para disputar uma vaga na Câmara Federal, pelo PSDB de Goiás. Obteve votação expressiva, superior a 100 mil sufrágios, embora tivesse declarado algum tempo antes à Receita Federal não ter domicílio no Brasil.
O complicador extra na vida do ex-presidente do banco multinacional veio com os indícios de sua atuação como controlador de várias empresas que fizeram vultosos depósitos em paraísos fiscais, sem explicar a origem do dinheiro.
Somente esta suspeita deveria servir para o incontinenti afastamento de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, ten-do em vista a extrema relevância da essência mesma da instituição, qual seja a vigilância rigorosa da integridade da moeda nacional. E no cargo mais elevado, não se admite, nem por hipótese, a presença de alguém crivado pela incerteza da dúvida.
Há também o imbróglio da presença do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no Ministério da Previdência Social, acusado de apropriação de recursos públicos destinados a uma entidade assistencial que manipulava em Roraima.
O catálogo alinha, ainda, a prática de crimes eleitorais e -mais grave – conduta fraudulenta no fornecimento das garantias de financiamento obtido no Banco da Amazônia (Basa), para a implantação de um frigorífico.
Do governo não se admite, ante carga tão expressiva de suspeitas, a lassidão indiferente do deixa estar para ver como fica.