Conselho vota relatório sobre cassação de Vadão amanhã

Brasília – O relatório que recomenda a cassação do deputado Vadão Gomes (PP-SP) será votado amanhã pelo Conselho de Ética da Câmara, esvaziado desde a renúncia de seis conselheiros inconformados com as absolvições em plenário dos envolvidos no escândalo do mensalão. Um grupo de parlamentares tentava ontem garantir quórum elevado, para evitar que o parecer do relator Moroni Torgan (PFL-CE) seja derrotado já no conselho. Na semana passada, a votação foi adiada porque o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) pediu vista (tempo para análise), porque percebeu que não havia o mínimo necessário de oito votos para aprovar o relatório.

Vadão foi processado porque o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, operador do mensalão, disse ter entregue ao deputado, em duas ocasiões, o total de R$ 3,7 milhões, em dinheiro vivo, nos dias 5 de julho e 16 de agosto de 2004. Valério disse que a entrega foi feita em um hotel de São Paulo, mas não lembrava o nome. Vadão nega ter recebido qualquer recurso do caixa 2 montado pelo PT.

Um dos argumentos de Vadão é o fato de ser um homem rico. O deputado, dono de frigoríficos e fazendas de gado, informou ao conselho que suas empresas faturam R$ 75 milhões mensais, ou seja, quase R$ 1 bilhão por ano. Para Vadão, diante dos lucros milionários, não haveria por que receber R$ 3,7 milhões de Valério. Moroni Torgan não aceitou os termos da defesa. "Esse tipo de argumento não desqualifica a denúncia", disse o relator.

Moroni também não aceita como decisivas as provas apresentadas por Vadão de que seu avião particular não estava em São Paulo nas duas datas citadas por Marcos Valério. O relator mostrou que em pelo menos uma ocasião, Vadão hospedou-se em São Paulo, no hotel Sofitel, e seu avião não estava no hangar do aeroporto de Congonhas. "Ele tinha outras formas de chegar a São Paulo que não fosse no próprio avião", diz o relator.

Na última sessão do Conselho, compareceram apenas dez titulares com direito a voto. Nelson Trad pediu vista porque percebeu que pelo menos três votos seriam contra o relatório, o suficiente para rejeitá-lo. O presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP) reclamou do fato de que até hoje o PT não indicou os deputados que vão substituir no conselho dos ex-titulares e ex-petistas Chico Alencar (PSOL-RJ) e Orlando Fantazzini (PSOL-SP).

Nove deputados processados no Conselho de Ética já foram absolvidos no plenário da Câmara. Três tiveram os mandatos cassados e quatro renunciaram para não correrem o risco de sofrerem a punição máxima, que inclui ainda a perda dos direitos políticos por oito anos.

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