O Conselho Universitário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) votou hoje pela revogação de todas as demissões feitas na semana passada pelos interventores da Fundação São Paulo, mantenedora da instituição. Reunido à tarde o conselho decidiu encaminhar uma carta ao setor de Recursos Humanos comunicando a decisão.
No entanto, de acordo com o padre Juarez de Castro, responsável pela comunicação do cardeal d. Cláudio Hummes, arcebispo metropolitano de São Paulo e grão-chanceler da universidade, a decisão não tem validade e as demissões permanecem.
O Conselho Universitário é o órgão deliberativo da PUC-SP. Fazem parte dele seis representantes de professores, seis de alunos e seis de funcionários, além de cinco diretores de centros, do presidente da pós-graduação e da reitoria.
"Em votação o Conselho Universitário decidiu revogar as demissões feitas pela fundação e encaminhar imediatamente uma carta para suspender a homologação dos cortes", afirmou o presidente do sindicato dos funcionários, Anselmo Antonio da Silva. Logo após a reunião, os professores dispensados se reuniram com os advogados do sindicato para receberem orientações sobre como proceder. A justificativa foi que os cortes não seguiram os trâmites da universidade.
De acordo com o padre Juarez, a fundação chamará os integrantes do conselho para explicar a ineficácia da decisão. "As demissões estão mantidas. O conselho superior da universidade não tem atribuições para modificar isso. Foi uma falta de respeito e uma indelicadeza com a fundação", disse.
Na semana passada, após d. Cláudio nomear dois interventores para fazer o corte de gastos necessários para a PUC-SP controlar sua dívida bancária, foi anunciada a demissão de 211 professores e 114 funcionários. Somados aos cortes que já haviam sido feitos pelo próprio conselho junto com a reitoria, foram dispensados 472 professores (29,5% do total) e 374 funcionários (28,7%). Com isso, a fundação afirma que conseguiu acabar com o déficit mensal de R$ 4 milhões da instituição. Antes da intervenção, a reitoria tinha chegado à economia de R$ 3,1 milhões.
Hoje os representantes da reitoria, e a própria reitora, Maura Véras, que não assinou as demissões feitas pela fundação e afirmou ter ficado "chocada" com a lista, se abstiveram da votação.
Impasse
Diante do impasse, professores e funcionários estudam entrar na Justiça contra as demissões e a intervenção. Eles também reuniram assinaturas de vários intelectuais contra os cortes e aprovaram um indicativo de greve geral para o início das aulas, programadas para 2 de março. Foi decidido também que os professores devem se recusar a assumir as aulas dos colegas demitidos.
A crise da instituição se deve a uma dívida bancária acumulada há cerca de três décadas e que atualmente está em R$ 82 milhões.