O Conselho de Ética da Câmara suspendeu a abertura do processo de cassação dos deputados Paulo Rocha (PT-PA), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e João Magalhães (PMDB-MG) e sinalizou que poderá alterar as regras da Casa para dificultar os julgamentos de deputados acusados de envolvimento em esquema de corrupção.
O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), com o apoio dos conselheiros, decidiu analisar primeiro uma consulta dos partidos da base, PMDB, PR, PT e PP, que questiona a possibilidade de abertura de novo processos contra deputados que não foram julgados em mandato passado porque renunciaram para fugir da cassação, como Rocha e Costa Neto, ou o processo não foi concluído, como o caso de Magalhães.
"É uma sinalização de que a investigação não vai prosperar. É a cultura da página virada. O conselho quis dizer que a eleição foi anistia e que qualquer investigação é inconveniente", protestou o líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar. O PSOL é autor do pedido de cassação dos três deputados. O procedimento adotado por Izar deverá demorar pelo menos duas semanas para que a consulta seja votada. Deputados aliados contaram reservadamente que há um acordo em curso na base que impedirá a abertura dos processos.
Na consulta encaminhada ao conselho, o PMDB, o PT, o PR e o PP argumentam que os deputados já foram absolvidos pelos eleitores e que, portanto, não estariam mais sujeitos a processo disciplinar envolvendo fatos da legislatura passada. "Já tendo o povo soberanamente exercido seu julgamento, não há motivo razoável para sustentar eventual pretensão desse conselho em censurar o veredicto popular", defende o documento dos aliados do governo.