O Conselho Federal de Odontologia (CFO) está lançando uma campanha para alertar a população sobre falsos dentistas e estimular a fiscalização. A entidade estima que cerca de cinco mil pessoas exerçam ilegalmente a profissão no País. A intenção é convocar os conselhos regionais dos Estados a denunciá-las à polícia para que sejam punidas.

continua após a publicidade

Alguns conselhos, como o do Rio Grande do Sul, têm um serviço de disque-denúncia para receber informações sobre impostores. Os dados são então repassados para as secretarias de Segurança Pública. "A polícia tem uma demanda grande de outros crimes, então os conselhos têm de ajudar", afirmou o presidente do CFO, Miguel Nobre.

O dirigente informa que o problema é mais grave no interior, especialmente no Norte e Nordeste, onde há carência de profissionais. Nos sete estados do Norte, segundo Nobre, são 6.600 dentistas registrados. Em São Paulo, 60 mil. Em todo o País, são 190 mil profissionais, sendo que 13 mil se formam todo ano. "O problema é a má distribuição", apontou Nobre.

Com a demanda maior do que a oferta nos municípios pequenos e mais pobres, a população acaba recorrendo a falsos dentistas. Os riscos são muitos. Eles não esterilizam os materiais, o que favorece a transmissão de infecções e de doenças como hepatite. Próteses mal adaptadas também podem provocar tumores na boca.

continua após a publicidade

Normalmente o impostor aprende parte da técnica com um profissional e a reproduz sem tomar os cuidados necessários. Há também protéticos que atuam como se fossem graduados. Para se proteger, o paciente precisa solicitar ao dentista, ao chegar ao consultório, a carteira com o registro no Conselho de Odontologia do estado. Ele deve desconfiar de preços baixos demais, de propagandas oferecendo vantagens e de falta de higiene.

No Rio, o CRO recebe, em média, 140 telefonemas por ano informando prática ilegal da profissão (o número é 21-2240-5452). Desde maio de 2004 à frente da Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública do Rio, o delegado José Luiz Duarte fez duas prisões. Em 2003, 50 desses criminosos foram descobertos pelo CRO. Durante o ano 2000, seis foram presos na cidade de Barra Mansa, no interior fluminense, entre eles um advogado.

continua após a publicidade