Em 2006, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar absorveu o impacto das denúncias que envolveram parlamentares em escândalos e abalaram a credibilidade do Congresso Nacional. Apenas nove dias depois de concluir o julgamento do último deputado envolvido no escândalo do "mensalão", em 13 de junho, o conselho assistiu à instalação da CPMI das Sanguessugas, destinada a investigar um novo escândalo – o envolvimento de parlamentares na máfia das ambulâncias. O processo anterior colocara o conselho na condição inédita de julgar 26 representações simultâneas, entre elas a de um ex-presidente da Câmara. Já o caso desencadeado pela investigação da Polícia Federal de manipulação de recursos da saúde resultou na abertura de 69 processos na Câmara dos Deputados.
Às vésperas das eleições, a sociedade exigia uma resposta do Congresso sobre os dois escândalos. O conselho recomendou, em 2006, a cassação de 13 deputados, 9 deles ligados ao esquema do "mensalão" e quatro ao esquema das "sanguessugas".
Foram votadas 24 representações, sendo 11 relacionadas ao mensalão, 12 ligadas aos sanguessugas e uma por ofensa ao presidente da República. Foram realizadas 28 audiências, com deputados representados (11) e testemunhas (17), de um total de 48 reuniões.
Reforma do conselho
A experiência intensa nos dois processos mostrou aos integrantes do conselho que seus instrumentos são insuficientes para fazer frente às suas atribuições. O presidente do órgão, Ricardo Izar, (PTB-SP) cita como exemplo a falta de poder para obrigar as testemunhas a depor e para quebrar os sigilos bancário e telefônico dos envolvidos. Até o dia 31 de janeiro, quando encerra seu mandato à frente do conselho, o presidente pretende apresentar à Mesa Diretora um projeto de reforma do regulamento de funcionamento do órgão. Para coordenar esse trabalho, foi designado o deputado Nelson Trad (PMDB-MS).