O Conselho de Ética da Câmara decidiu há pouco que os processos por falta de decoro parlamentar instaurados não poderão mais ser retirados. Os membros do conselho aprovaram o parecer elaborado pela assessoria jurídica, que concluiu que o autor do pedido não tem mais autonomia para impedir a continuidade do processo.
A deputada Angela Guadagmin (PT-SP), ligada ao deputado José Dirceu (PT-SP), que seria um dos beneficiados com a retirada da representação, votou contra o parecer. Para ela, no caso de desistência do autor da denúncia, o conselho deveria enviar o processo à mesa da Câmara para decidir sobre a questão.
Durante a discussão, muitos deputados argumentaram que se o conselho permitisse a retirada do processo já instaurado ficaria demonstrado que há um acordão em curso na Câmara para livrar deputados de processos de cassação. "Se nós aceitarmos, estaremos aceitando que há um acordão caminhando nesta casa", disse o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) relator do processo votado hoje. Ele argumentou também que a retirada do processo deixaria o deputado acusado "no cinzento da dúvida".
O deputado Chico Alencar (PT-RJ) sugeriu ao deputado cassado Roberto Jefferson (PMDB-RJ), que defendeu a retirada das representações de sua autoria contra Dirceu e o deputado Sandro Mabel (PL-GO) que em vez de retirar o processo vá ao conselho prestar depoimento e defender quem ele denunciou. O deputado Jairo Carneiro (PF-BA) concordou.
"Que ele (Roberto Jefferson) apareça como testemunha e venha se retratar, em vez de macular de vez esta Casa", afirmou. Carneiro disse ainda que a aprovação do parecer significaria "fechar a porta contra qualquer insulto ao Conselho e à Câmara".