Congresso recebe idéia de TV estatal de forma crítica

Foi recebida de forma crítica no Congresso, até mesmo por petistas, a proposta do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de criação de rede pública de TV ao custo de R$ 250 milhões em quatro anos. Por causa da polêmica, Costa será chamado a apresentar explicações tanto à Câmara quanto ao Senado.

Autores do convite ao ministro, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), afirmam que qualquer iniciativa do governo na área de telecomunicações deve, necessariamente, ser debatida no Congresso. Em datas a serem marcadas, Costa falará na Comissão de Infra-estrutura do Senado e na Comissão de Defesa Nacional e Relações Exteriores da Câmara.

Para Gabeira, é necessário saber qual é realmente a intenção do ministro e do governo com a novidade. Já Agripino recomendou "cautela" na avaliação da matéria. "Partindo de um governo que tentou criar o Conselho Nacional do Jornalismo como forma de tutelar a imprensa, há de despertar no mínimo uma atitude antenada", disse o líder do PFL. "Nada pior para o interesse da sociedade do que ter um governo instrumentalizado com uma TV estatal com amplo alcance para praticar o marketing.

O senador Tião Viana (PT-AC) viu a iniciativa "sem grande entusiasmo", segundo suas próprias palavras. De acordo com ele, o Ministério das Comunicações faria melhor se investisse nas emissoras publicas já existentes, "sem que elas tenham de abrir mão de divulgar a educação e cultura". O petistas declarou que vai guardar esclarecimentos do governo e defendeu medidas para valorizar as rádios comunitárias, "que mal conseguem superar a concorrências das emissoras comerciais".

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apontou na idéia a intenção oculta de sufocar as críticas ao governo. "Sou contra, não só por razões econômicas, mas porque vejo nisso a idéia de criar o pensamento único", afirmou. Segundo Virgílio, o problema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o de "saturação da imagem", e não da falta de canais para se expor. "Ele está exposto demais na mídia, fala de todos os assuntos, não precisa de mais meios", defendeu.

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse não haver justificativa para a criação de uma TV para exprimir a opinião pessoal do presidente da República, "sobretudo em um país democrático". "Isso seria um passo adiante no controle dos meios de comunicação, um passo adiante no sentido de contrapor a imprensa livre ao pensamento governamental", resumiu. Para o pedetista, não há como comparar uma emissora do governo com as existentes no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF), que são órgãos coletivos e não monolíticos como o Executivo.

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