Congresso ferido

O Congresso Nacional está ferido de morte pelas denúncias de corrupção e envolvimento em crimes eleitorais. Por isso não tem moral suficiente para produzir a reforma política adequada para o País. A opinião é do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), um dos membros mais destacados da CPMI dos Correios.

Uma das evidências, apontadas pelo senador à agência Reuters, é a lista preliminar do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), propondo a abertura do processo de cassação de 18 parlamentares envolvidos no mais rumoroso esquema de corrupção da história republicana.

Alvaro concorda com a aprovação da proposta de reforma emergencial para vigorar nas eleições de 2006, com a arguta ressalva que a reforma definitiva somente poderá ser realizada por um Congresso oxigenado pela renovação da maioria de seus quadros.

Tem razão o ex-governador do Estado ao defender a tese, pois jamais se viu com tanta nitidez a participação ativa de dirigentes partidários e parlamentares de várias legendas numa associação espúria destinada a capturar recursos para fins eleitorais.

Além das confissões, assegurou o senador, há um caudal de indícios e provas. Ele mesmo apresentou à CPMI provas documentais da remessa de divisas para o exterior, tipificando os crimes de lavagem de dinheiro e evasão fiscal, entre outros.

Crítico severo do governo federal, Alvaro acentuou na entrevista que o presidente Lula ?é incompetente?, e que o PSDB tem chances reais de derrotá-lo em 2006. O senador cumpre à risca seu papel de oposicionista, não apenas para marcar presença e ocupar espaço na mídia, mas por estar convencido da fissura em processo de afundamento entre a sociedade e o presidente da República.

Apesar da dureza dos últimos pronunciamentos, Alvaro não faz a mínima concessão à demagogia ou à irresponsabilidade, pelo fato de bem conhecer a extensão do abalo institucional causado por declarações insensatas e levianas. Não é do feitio desse político de longa experiência deixar-se usar como instrumento da falácia.

Tanto isso é real de sua parte, que, sendo um dos primeiros a levantar o impeachment como tese a ser considerada, afastou-se da posição, decerto pela convicção de sua reconhecida inoportunidade. A atuação de Alvaro é resposta convincente a quantos imaginavam que a segunda derrota na disputa pelo governo estadual havia decretado o caminho do ostracismo.

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