O Partido dos Trabalhadores decidiu marchar no primeiro turno da eleição para o governo estadual com candidato próprio, senador Flávio Arns, cedendo a vaga de vice-governador a Victor Hugo Burko, ex-prefeito de Guarapuava e político emergente no Paraná. A atração do PL para a coligação, que conta também com o PCdoB, dentro da realidade política regional é um componente não desprezível na articulação petista, considerando a relativa coesão do referido partido graças à liderança do presidente do diretório estadual, Oliveira Filho.
Além disso, o PL saiu menos chamuscado da fogueira do mensalão e do caixa dois que os demais integrantes da base de apoio a Lula no Congresso Nacional (PTB e PP), ademais de prontamente excluir de seus quadros os suspeitos de desvios morais, como o ex-deputado federal Carlos Rodrigues, nominado por Roberto Jefferson como uma espécie de ?progenitor? do mensalão, cujo prontuário acabou sendo aureolado pela ativa participação no recente esbulho contra o erário – seria mero acaso? – descoberto pela Polícia Federal na Operação Sanguessuga.
Isto não quer dizer, porém, que a candidatura de Flávio Arns ao governo ganhe algum relevo especial além da respeitabilidade adquirida como político oriundo dos movimentos católicos progressistas e organizações de profunda inserção na sociedade. Ou seja, se o PL não configura nem de longe um manancial de votos capaz de assegurar a vitória ao candidato petista, por outro lado tem condições de aportar contribuição importante para forçar o segundo turno, na somatória com Rubens Bueno e Osmar Dias, este ainda lutando com denodo para tornar realidade sua candidatura pelo PDT.
Na verdade, a candidatura de Arns à sucessão do governador Roberto Requião se deveu à série de contratempos que arranhou a convivência do PMDB e PT desde a derrota de Angelo Vanhoni na eleição municipal. Os sucessivos desencontros entre o Palácio Iguaçu e o diretório estadual petista, refletidos com intensidade no confronto de ambas as bancadas na Assembléia Legislativa, acabaram por embargar a confluência dos partidos no primeiro turno, a despeito do conspícuo interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fazer campanha nos mesmos palanques freqüentados por Requião.
Guardados os aspectos idiossincráticos do ambiente político, não seria surpresa surpreender os litigantes de hoje na mesma canoa, depois de 1.º de outubro. A conferir.