Conflito de interesses

Poucos anos depois do surgimento do Partido dos Trabalhadores, na esteira aberta pelo método agressivo praticado pelo sindicalismo no ABC paulista, que acabou gerando também a Central Única dos Trabalhadores, cresceu na cidade de São Paulo a representatividade do Sindicato dos Metalúrgicos presidido por Luiz Antonio de Medeiros, um ex-militante comunista treinado em Moscou.

A mesma linha pragmática propiciou a criação da Força Sindical, cujas raízes ideológicas a colocaram em posição antípoda à CUT, insinuando-se aos olhos da categoria patronal como um instrumento pacífico de negociações orientadas pelo que se convencionou chamar de sindicalismo de resultados. Por sinal, Medeiros foi por longos anos presidente da Força, até se eleger deputado federal por São Paulo.

Seu herdeiro no comando do sindicato e, mais tarde, na própria central, foi Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que fez percurso rigorosamente igual ao de Medeiros até conquistar seu mandato na Câmara dos Deputados, pela legenda do PDT. Apenas para lembrar, um dos partidos da base aliada do presidente Lula.

Na cidade de São Paulo, contudo, o PDT havia se aliado ao bloco PSDB-PFL no segundo turno da eleição de 2004, quando se deu a eleição da dupla Serra/Kassab. A contrapartida ao apoio pedetista veio na forma da Secretaria Municipal do Trabalho e da subprefeitura do Itaim Paulista, um bairro afastado do centro. O sindicalismo passou a amealhar polpudos dividendos também na política de resultados.

Como o PDT faz das tripas coração para manter uma nesga de ética e compromisso com o programa partidário, mesmo que seja apenas para inglês ver, a executiva nacional exige dos correligionários a devolução dos cargos nas administrações das cidades em que a legenda terá candidatos a prefeito municipal.

O deputado Paulo Pereira da Silva será candidato em São Paulo e, por esse motivo, o PDT pretende se afastar da gestão Gilberto Kassab. Enquanto isso, em Brasília, o presidente nacional do partido e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não vê o menor empecilho em exercer concomitantemente as duas funções, apesar do constrangimento e do conflito de interesses.

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