Desejar saber o que os investidores internos e externos pensam da situação atual do Brasil e que expectativas têm sobre o futuro do País em ano de eleições não é mera curiosidade. É uma necessidade, pois precisamos preparar um cenário que pode apontar continuidade, progresso ou retrocesso no nosso desenvolvimento econômico. E este, embora exista, tem sido lento, gradual e restrito, persistindo problemas dos quais o que mais nos aflige é o do desemprego, o subemprego e suas conseqüências.
Diante do ambiente nervoso no sistema financeiro internacional, com possibilidades de os Estados Unidos elevarem sua taxa de juros, nossa Bolsa caiu, o dólar subiu e capitais apressaram-se em deixar o Brasil. Esta é uma situação indesejável, pois até mesmo as entidades especializadas que medem o chamado risco Brasil alteraram a nota, significando redução de confiança em nosso País como receptor de investimentos.
Mas a situação não é tão ruim quanto parece ou poderia ser. Mauro Lemos, vice-presidente da Moody?s, uma das principais agências internacionais de classificação de risco, disse que mantém uma visão positiva para o Brasil. Testemunha Lemos que a postura do governo Lula diante de toda a agitação agradou os investidores. ?Nós consideramos isso como um teste de crédito e, nesse teste, o Brasil está se saindo bem. Nós continuamos com uma opinião positiva sobre o crédito?, disse o vice-presidente da Moody?s.
Ele condiciona a manutenção dessa confiança dos investidores à continuidade na forma de condução da política econômica, nos próximos anos, ou seja, que Mantega aja na mesma trilha de Palocci e seus sucessores façam o mesmo. Isto vem acontecendo, mas é crescente a oposição a esse modelo que até aliados e ex-aliados de Lula consideram capaz de atender aos interesse dos credores, mas subtrai recursos que poderiam estar sendo empregados dentro do Brasil, para impulsionar o desenvolvimento de nossas indústrias, agricultura e setor de serviços, gerando mais e melhores empregos. Quando o governo se esforça para conseguir superávits crescentes, fazendo caixa para pagar os credores, repete a política neoliberal que antes o PT condenava e hoje abjuram até mesmo companheiros do presidente Lula.
Mauro Lemos considera que, ao contrário do que ocorreu na eleição de Lula, a disputa política deste ano não preocupa os investidores, pois consideram que seja o presidente reeleito ou suba ao poder algum de seus opositores, a política econômica não irá mudar. Provável e até possível, mas a certeza do executivo da Moody?s baseia-se mais em fé do que em fatos.
Lemos, entretanto, revela um receio sobre um eventual novo mandato de Lula. ?Os presidentes reeleitos têm menos força que nos mandatos anteriores. Nesse sentido, é uma dúvida, uma inquietude, um risco potencial de retroagir no que já se avançou. Pode ser difícil fazer mudanças que requerem um forte apoio político e votos no Congresso?, afirmou.
Hoje, a nota do Brasil na Moody?s e em outras instituições que medem risco é Ba3 ou equivalente, três níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva positiva, o ?investment grade?. É razoável, sem chegar a ser boa ou ótima, o que evidencia que o mercado confia no Brasil, mas desconfiando sempre.