Confiança do consumidor cai 3,4%, pior nível desde setembro

Rio – A piora no mercado de trabalho e o ambiente turbulento na política derrubaram a confiança do consumidor em abril. É o que mostra o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado hoje (26) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice registrou queda de 3,4% este mês, ante março, que já havia apresentado recuo de 1%. Foi o pior resultado desde a criação do indicador, em setembro do ano passado. "Piorou a confiança do consumidor", admitiu o economista da FGV, Aloisio Campelo.

O ICC abrange 2 mil domicílios em sete capitais, com entrevistas feitas entre 3 e 20 de abril. O indicador é mensal, calculado com base em cinco perguntas da "Sondagem das Expectativas do Consumidor", cuja série foi iniciada em outubro de 2002. Na avaliação de Campelo, o resultado comprova a insatisfação do consumidor com a situação atual e o pessimismo em relação aos próximos meses.

Para exemplificar essa avaliação, o economista lembrou que o ICC é dividido em dois indicadores: o Índice de Situação Atual, que teve taxa negativa de 3,4% em abril, ante aumento de 0,9% em março; e o Índice de Expectativas, com queda de 3,3% em abril, ante retração de 2,1% em março.

Ao detalhar o cenário de abril, Campelo observou que a evolução do mercado de trabalho é uma das grandes influências no humor do consumidor. Os últimos resultados anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deixaram o brasileiro cauteloso quanto ao futuro, de acordo com o técnico. "A taxa de desemprego, que estava caindo, agora voltou a subir", lembrou o economista. No caso do ambiente político, Campelo afirmou que o cenário turbulento foi citado várias vezes, de forma espontânea pelos entrevistados em abril, como motivo para a piora. "Essa lembrança espontânea não aconteceu em março", disse Campelo.

Ao ser questionado se a crise política não estaria diretamente relacionada à queda do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Campelo preferiu ser cauteloso: "Os eventos políticos que ocorreram entre março e abril, nós sabemos quais foram…". Porém, o economista não descartou que o resultado da pesquisa também tenha sido influenciado por um fator sazonal.

Segundo ele, o humor do consumidor nos primeiros meses do ano sempre é mais otimista. A comparação com resultados mais positivos, nos primeiros meses do ano, pode ter conduzido a uma queda mais intensa no ICC de abril. Mas de acordo com Campelo, mesmo com a influência sazonal, as notícias negativas no mercado de trabalho e no cenário político contribuíram fortemente para a queda do indicador em abril.

Automóvel 

A intenção de compra de automóvel do consumidor brasileiro atingiu em abril o nível mais baixo desde setembro do ano passado. A informação consta da sondagem do consumidor de abril. Embora a compra de automóveis não seja uma das perguntas usadas para cálculo do ICC, Campelo informou os resultados relacionados a essa pergunta. Em abril, 7,8% dos entrevistados anunciaram intenção de comprar um carro nos próximos meses – sendo que, em março, essa parcela era de 9% dos pesquisados. Além disso, a participação dos entrevistados que revelaram não ter intenção de comprar um carro em um futuro próximo subiu de 86,1% para 88,3% de março para abril.

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