Brasília ? A elaboração de um documento com recomendações para 193 países está entre os principais desafios da 2º Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural. O evento começa na semana que vem, em Porto Alegre.
O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, José Tubino, conta que as discussões terão como resultado uma declaração final, com um plano de ação para orientar os países-membros das Nações Unidas.
"Eu diria que uma grande responsabilidade vai ser em nível nacional, em que as recomendações da conferência terão de ser aplicadas em políticas públicas nacionais e em planos de desenvolvimento de cada país", salienta Tubino, que participou hoje (2) de entrevista à Rádio Nacional AM .
Segundo ele, o documento final deverá englobar propostas apresentadas por entidades da sociedade civil organizada, que participará do fórum "Terra, Trabalho e Dignidade", paralelamente à atividade oficial.
"Estamos trabalhando na organização do fórum intergovernamental, que é a responsabilidade da FAO, mas também cuidando de abrir os espaços necessários para um diálogo simultâneo com o fórum da sociedade civil", conta o representante da FAO, para quem a sociedade civil tem um papel fundamental no sentido de cobrar dos governos a implementação das ações.
"A FAO não tem capacidade de interferir na soberania nacional. A cobrança tem de ser da própria sociedade", avaliou Tubino. "A conferência vai criar uma plataforma durável de entendimento e diálogo sobre questões de desenvolvimento rural e reforma agrária, apoiada por um painel de observadores internacionais."
A 2º Conferência Internacional sobre Reforma Agrária foi organizada pela FAO, em parceria com o governo brasileiro. O último evento desse tipo ocorreu em 1979, na Itália.