Foi com a posse dos novos presidente, vice-presidente e secretário-geral, a divulgação de uma carta ao papa Bento XVI e um documento político que terminou nesta quarta-feira (9) a 45ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada no Mosteiro da Vila Kostka, em Itaici, Indaiatuba, interior de São Paulo.

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Embora não tenha sido feita menção de levar o documento político à Presidência, os bispos expressam críticas ao economicismo em detrimento da preocupação com a população. "O mundo de hoje vive a época do mercado em que prevalece o negócio, desconsiderando o seu custo social e ecológico. (…) No Brasil, a busca de energia com base no etanol não pode fazer-se em detrimento do equilíbrio ecológico, da reforma agrária e da soberania alimentar", diz o documento assinado pelos bispos d. Geraldo Majella Agnelo (ex-presidente), d.Antonio Celso de Queirós (ex-vice presidente) e d.Odilo Pedro Scherer (ex-secretário geral).

Os bispos mantiveram a condenação "a todas as tentativas de legalização do aborto e manipulação de embriões humanos para fins terapêuticos", demonstraram "preocupação com a existência de fortes indícios de corrupção em setores da Justiça", pediram urgência na realização de uma "reforma política direta e participativa", e afirmaram que "a redução da maioridade penal para 16 anos, já votada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, não representa uma resposta ao desafio da segurança; é paliativo que atinge os sintomas, não a raiz do problema da violência".

Recém-empossado arcebispo de Mariana (MG), D.Geraldo Lyrio Rocha reafirmou, após a celebração com os pelo menos 300 bispos que permaneceram em Indaiatuba até o último dia de conferência, a necessidade de uma reforma agrária com condições para as famílias assentadas produzirem e sobreviverem. "Não basta haver terra, tem de haver infra-estrutura", disse.

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Nenhum documento formal será enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou o secretário-geral d.Dimas Lara Barbosa. "Mas recebemos uma carta do presidente, dando abertura ao diálogo e, assim que tivermos oportunidade, vamos marcar uma reunião com os novos presidente, vice e secretário da CNBB", disse.

Na carta, o presidente parabenizou a executiva episcopal empossada e colocou seus ministros da área social à disposição da confederação, para discussões sobre assuntos em pauta na assembléia. Nos últimos dias, muitos bispos criticaram o posicionamento do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, a favor da legalização do aborto.

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Os bispos evitaram falar sobre o que esperam das declarações do papa Bento XVI. "Não esperamos pedidos do papa, mas sua palavra de amor", afirmou o ex-secretário da CNBB e recém-empossado arcebispo de São Paulo, d.Odilo Pedro Scherer. "Nós conhecemos o papa mais que a opinião pública e sabemos que ele não é inflexível e duro como tem sido pintado. Ele se preocupa com o lado afetivo da evangelização. E nós vamos ouvir o que ele tem a dizer", afirmou o novo vice-presidente da CNBB, d.Luiz Soares Vieira.