Concorrentes da Varig suspendem promoções nas tarifas

Ficou mais caro viajar de avião com a suspensão dos vôos da Varig, que está levando as companhias aéreas concorrentes a voarem com recordes históricos de ocupação dos jatos. Segundo agentes de viagens e consultores, empresas nacionais e estrangeiras reduziram a oferta de tarifas promocionais e só se encontra as mais caras por vôo. As estimativas de mercado são de que a TAM e a Gol, estão superando o patamar dos 80% de aproveitamento dos jatos, fato inédito na trajetória do setor.

A regra é simples: quando o mercado está fraco, as empresas aumentam a quantidade de assentos no avião com tarifas promocionais. Ao contrário, quando há demanda de sobra, como atualmente, com passageiros da Varig buscando alternativas à suspensão de vôos, as tarifas mais caras predominam. Além disso, o problema ocorre justamente no período de alta estação. Segundo um executivo que trabalhou no setor, "está na hora de ganhar dinheiro".

A situação é pior nos vôos internacionais do que nos domésticos, explica o supervisor de call center da operadora Avipam, Marcelo Anderson de Mello. "Nos vôos internacionais está pior do que no doméstico, estão completamente lotados para qualquer parte. Os passageiros estão procurando vagas. E quando conseguem as tarifas estão altas", diz o supervisor. A empresa dominava o setor internacional, apesar da crise que vem enfrentando.

Nos vôos para Miami, por exemplo, era possível achar há dois meses, por exemplo, uma tarifa econômica de ida e volta por US$ 1.250 (classe M), explica Melo. Atualmente, aparecem disponíveis apenas vagas a partir da tarifa de classe B, no valor de US$ 2.085 – 67% mais cara. Outra tarifa ainda mais cara é a "cheia", por US$ 3.672. "Antes, era raro vender a tarifa B. Hoje em dia, virou normal", explica o agente.

No fim da tarde, havia apenas duas vagas para viagem à Paris neste sábado, mas apenas na primeira classe ou executiva, conforme consulta feita por telefone à empresa. Com tarifa econômica, a próxima vaga seria apenas dia dois de agosto, ainda assim com o preço pleno de US$ 3.477, ou no dia dez, com uma tarifa menor, de US$ 2.131. Segundo o funcionário, a empresa tem dois vôos diários para o destino e os vôos estão lotados.

Procurada, a TAM informou que usa um sistema de gerenciamento de tarifas, que leva em conta fatores como a sazonalidade e a relação entre procura e oferta de assentos. A Gol, que também utiliza sistema semelhante, diz que não está reduzindo o peso das tarifas promocionais. O especialista Paulo Bittencourt Sampaio avalia que, de fato, está difícil encontrar tarifas promocionais nos vôos internacionais de longo curso.

Sampaio explica que, em função da oferta "muito grande" das duas empresas nos vôos internos, talvez o passageiro embarque no mesmo dia para o destino, mas a sobrecarga de demanda pode fazer o passageiro não conseguir mais escolher o horário ideal. Ele estima que as duas maiores do setor deverão ultrapassar o patamar dos 80% de ocupação dos jatos – nível bem acima da taxa média de 60% nos últimos sete anos no País.

A Gol antecipou que sua taxa de ocupação essa semana já variou entre 80% e 82%. Para efeito de comparação, no ano passado a taxa média de ocupação da Gol foi de 74% e da TAM, de 70%. Nos últimos anos, em paralelo ao progressivo encolhimento da Varig, o aproveitamento dos jatos no setor vem crescendo. Em 2002, por exemplo, a ocupação média setorial foi de 57% e chegou a 70% em 2005. Outra fonte critica o fato de o governo ter controlado a oferta e a importação de jatos entre 2003 e 2004, o que limitou o crescimento da capacidade do setor.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo