Brasília – Integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) considerou frágil a conclusão do inquérito da Polícia Federal sobre as causas e os responsáveis pelo acidente com o Boeing da Gol.
Após verificar que os aparelhos de segurança do jato Legacy – que no dia 29 de setembro de 2006 se chocou no ar com a aeronave da Gol, causando o acidente em que morreram 154 pessoas – o delegado responsavel pelo inquérito, Renato Sayão Dias, manteve o indiciamento por crime culposo dos pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jean Paladino.
?Eu só aceitarei essa medida [desligamento involuntário] quando nós pegarmos um transponder e testarmos umas 500 vezes as hipóteses de desligamento involuntário", disse Gabeira. "Se nem os aparelhos celulares, menos complicados que um transponder, podem ser desligados involuntariamente, é frágil afirmar essa hipótese?.
Embora questione a possibilidade do desligamento voluntário do equipamento, o deputado disse que descobrir as causas do acidente não é o objetivo principal da CPI. Mesmo assim, apresentou uma proposta para aperfeiçoar a segurança de vôo no país.
?O que eu defendo é que adotemos como norma que o transponder, quando desligado, além de um sinal escrito [mensagem que aparece no painel da aeronave], emita um sinal sonoro?.
De acordo com o delegado, a hipótese de que os pilotos tenham desligado de propósito o transponder foi afastada depois que a Polícia Federal ouviu as gravações das conversas entre eles.
Para Sayão Dias, além do fato de que voar sem o auxílio do equipamento seria "um verdadeiro suicídio", os diálogos gravados demonstram que só após a colisão Lepore e Paladino teriam notado que o transponder estava desligado.
Ainda que não tenham agido premeditadamente, o delegado não descarta a possibilidade de imperícia, razão pela qual indiciou os pilotos por atentado à segurança do transporte aéreo.
"Você apertar um botão pensando que está apertando outro é involuntário e pode ser imperícia. Agora, nós não temos condição de afirmar exatamente por que isso aconteceu, uma vez que os pilotos não deram a versão deles", disse o delegado. "Eles é que devem provar que o transponder não foi desligado".