Depois do escândalo que foi provocado por um presidente da Câmara dos Deputados, descoberto achacando o empresário que explorava o restaurante da Casa, causando a renúncia do cargo e do seu mandato, surgiu como nome exemplar e equilibrado o de Aldo Rebelo, do PC do B, Partido Comunista do Brasil. Essas suas qualidades, dentre outras, o levaram a ser o novo presidente daquela casa legislativa, com apoio do Palácio do Planalto e sem oposição visível dos adversários do governo.

continua após a publicidade

Aldo Rebelo vem se comportando com equilíbrio no cargo e ninguém o acusa de parcialidade em favor do governo Lula. Mesmo matérias que se sabe que o situacionismo não vê com bons olhos, ele põe em pauta e faz votar. Não é, portanto, nenhum pau mandado e, sim, um presidente que zela por sua independência.

Infelizmente, não tardou o surgimento de fatos que, se não são entendidos por todos como desabonadores, por certo lançam sobre o líder comunista sérias suspeitas. Ele estaria fazendo uma espécie de comunismo com a própria família e, de outro lado, usando e abusando de bens públicos colocados à disposição daqueles que exercem o cargo que ele hoje ocupa.

Como presidente da Câmara e dentro das normas de mordomia vigentes em Brasília, ele tem direito a uma residência oficial. Como deputado, a um apartamento funcional. Tudo pago pelo povo. Pois o líder comunista ficou com os dois imóveis. Não quis largar o apartamento funcional, sob o argumento de que lá estão suas coisas pessoais e que sua sogra, que suspeitam mora naquele imóvel, lá costuma ir para cuidar dos pertences do ilustre genro.

continua após a publicidade

Ele chegou a consultar a assessoria da Câmara, que disse estar tudo nos conformes. Tem direito às duas residências, embora se saiba que, sob o regime comunista, é comum várias famílias partilharem uma mesma e única casa. Se não há pecado nas regras das mordomias brasilienses, sem dúvida se trata de privilégio que não é comum onde os comunistas ainda estão no poder.

Mas não ficam aí as estranhas mordomias do líder comunista brasileiro que hoje preside a Câmara dos Deputados. Ele se declara contra o nepotismo e promete colocar em votação, logo depois do Carnaval, o projeto de lei que acaba com esse privilégio nos poderes Executivo e Legislativo, já que o Judiciário assim já o fez. Não obstante, sua mulher, Rita Piolli, e seu irmão, Apolinário Rebelo, trabalham na liderança do PC do B. Aldo Rebelo jura de pés juntos que foi contra a nomeação da própria mulher. Ele acha que não se trata de atos de nepotismo, embora aceite que eles trabalham na Câmara talvez porque com ele têm laços de parentesco.

continua após a publicidade

Isso é o chamado nepotismo indireto. Trocar favores com outros políticos, uns nomeando os parentes dos outros e vice-versa. Uma troca de favores à custa do povo. No caso, a liderança do PC do B nomeando a mulher e o irmão do presidente da Câmara, todos correligionários e Aldo ocupando a chefia daquele poder. Esses fatos, se não configuram privilégios e nepotismo, pelo menos parecem ao mais condescendente analista um esdrúxulo comunismo à brasileira.

O povo não vai entender essas mordomias, comuns nos regimes ditatoriais, nos democráticos de fachada e nos comunistas, mas somente para os privilegiados caciques do partidão.