Comunicado de três linhas põe fim a duas semanas de expectativa

Um comunicado de menos de três linhas divulgado hoje pelo Ministério da Fazenda anunciou a saída de Antonio Palocci do cargo e pôs fim a 14 dias de expectativa depois que o caseiro Francenildo Costa, em entrevista à Agência Estado, afirmou que o ministro freqüentava a mansão alugada pela chamada "República de Ribeirão Preto".

Em vez do Palácio do Planalto, a Fazenda ficou encarregada de fazer o anúncio. Era por volta de 16h45m, quando assessores do ministro receberam a orientação para preparar a nota oficial que seria divulgada logo em seguida. Lacônico, o comunicado informava apenas que "o ministro Antonio Palocci decidiu solicitar ao Presidente da República seu afastamento do cargo. O ministro está encaminhando ao presidente Lula carta explicando suas razões".

Do Palácio do Planalto, onde ficou recluso e isolado todos esses 14 dias depois da publicação da entrevista, Palocci ligou pessoalmente para os assessores da Fazenda para dar a orientação final. O comunicado foi divulgado no exato momento em que o Tesouro Nacional estava distribuindo uma nota técnica com o resultado das contas do governo em fevereiro. A entrevista do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que se seguiria à divulgação dos números, foi cancelada e logo um clima de tensão e confusão tomou conta do ministério. No primeiro momento, havia dúvidas sobre o significado do termo "afastamento" incluído na nota.

Sem dar maiores informações, a assessoria da Fazenda chegou a recomendar aos jornalistas para "se aterem ao termo afastamento". Logo em seguida, no entanto, a dúvida foi imediatamente esclarecida por assessores do presidente Lula: o afastamento era definitivo e Palocci estava fora do governo.

Em seguida ao anúncio oficial, os principais secretários da equipe do ministro foram aos poucos deixando o prédio do Ministério, às pressas em direção à casa de Palocci no Lago Sul. O mais desolado era o secretário de Política Econômica, Bernard Appy. O presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, também saiu correndo do prédio fugindo do assédio da imprensa, que naquele momento já lotava a portaria de entrado do Ministério. "Não estamos dando declarações", resumiu o secretário de Assuntos Internacionais, Luiz Pereira. O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, desafeto do futuro ministro da Fazenda, Guido Mantega, não quis confirmar ou negar se deixaria o cargo. A expectativa hoje entre assessores do Ministério era de que Mantega terá que construir uma nova equipe com a saída de Palocci.

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