Em 29 de março do ano passado, dia do 312º aniversário de Curitiba, o prefeito Beto Richa entregou à população da região oeste da cidade um prédio de 1.800 metros quadrados, abrigando uma estrutura física e profissional incumbida de realizar o sonho de melhorar a qualidade de vida de uma população de 166 mil pessoas, através da descentralização dos serviços públicos municipais. Estava criada a Administração Regional da CIC – a nona da cidade, responsável pelo atendimento às comunidades dos bairros Augusta, Cidade Industrial, Riviera e São Miguel, que até então eram atendidas pelas Regionais Portão e Pinheirinho.
Foi neste dia que começou a mudar a realidade desta região que possui 62 áreas de ocupação irregular e onde cerca de 90% da população é de baixa renda. "Desde a instalação da Regional CIC, nossa vida ficou melhor e mais fácil", resume a dona de casa Jucilei Teresinha de Castilhos, moradora há 12 anos na Vila Verde. Presidente do Clube de Mães da vila, ela enumera os serviços que agora sua comunidade tem a dois passos da vizinhança: "Todo dia a gente vê uma obra nova, um programa novo, uma reunião para tratar de alguma coisa do bairro. Parece que tudo ficou mais perto", diz.
Para o administrador da Regional CIC, José Dirceu de Matos, o sentimento de Jucilei representa a concretização da promessa do prefeito Beto Richa na campanha eleitoral. "A intenção do Beto era levar a prefeitura para perto das pessoas, de forma que os problemas fossem mais facilmente localizados e solucionados", lembra.
Dirceu conta que foi um grande desafio a instalação da sub-prefeitura numa região onde, apesar de abrigar empresas que respondem por 25% do ICMS industrial do Paraná – paradoxalmente também estão os maiores problemas sociais da cidade, com alto índice de desemprego e violência. "O começo foi difícil, pois, além das muitas solicitações represadas da comunidade, ainda tínhamos que construir um conceito de atendimento e buscar o entendimento de parceria junto à população", recorda.
Maioridade
Em seu primeiro aniversário, a Regional CIC já contabiliza um número de ações, obras e resultados dignos da maioridade. Foram realizadas obras de pavimentação, canalização, serviços de drenagem, abertura de ruas e ligação entre bairros, implantação de programas sociais, construção de escolas, creches, unidades de saúde, criação de áreas de lazer, praças e bosques, além do atendimento normal de serviços e produtos públicos.
A própria sede da Administração Regional adota um novo modelo de atendimento – diferente de todas as outras sub-prefeituras -, onde a estrutura física é toda aberta, sem paredes nem salas fechadas, permitindo maior integração entre os núcleos das diversas secretarias municipais. "Esse modelo aberto facilita tanto para os agentes de atendimento quanto para o usuário, principalmente quando os serviços oferecidos são casados", explica Dirceu.
Na sede funcionam núcleos das secretarias de Finanças, Urbanismo, Administração, Saúde, Educação, Guarda Municipal, Fundação Cultural, Banco Social, Sanepar, Cohab, cadastramento de passe escolar, emissão de Carteiras de Trabalho e Fundação de Assistência Social (FAS).
Os guichês da FAS são os mais movimentados do prédio. Neles, as famílias beneficiárias solicitam serviços que vão da confecção de documentos e passe de ônibus até cadastramento e recebimento de auxílios financeiros de programas federais operacionalizado pela FAS, como o Agente Jovem e PETI (de erradicação do trabalho infantil), Bolsa-Família, Bolsa-Escola, entre outros. "O atendimento é uma beleza", elogia a dona de casa Sandra Mara Pilsek, 35 anos, mãe de 7 filhos, 6 dos quais recebem o subsídio do Bolsa Escola através da FAS.
"Aqui na regional, nas unidades de saúde e nos serviços de assistência social todo mundo me chama pelo nome", alegra-se a doméstica Maria de Lurdes Araújo, 53 anos, que descobriu ser portadora de hanseníase há pouco tempo e, desde então, recebe cuidados e orientação para o tratamento da doença nas unidades de atendimento da Regional. "Estou sossegada", completa Maria de Lourdes.
Mapeamento
Recém-instalada, uma das primeiras preocupações da Regional foi providenciar, com a ajuda do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), o diagnóstico populacional, viário e sócio-econômico da região. "Precisávamos conhecer mais detalhadamente toda a região para estabelecer prioridades e fazer um trabalho realista e eficaz para a população", explicou Dirceu de Matos.
Realizado nos quatro bairros de abrangência da Regional CIC, o mapeamento identificou uma população de 166.393 habitantes – equivalente a 9,63% da população de Curitiba, com renda média de 3 salários mínimos. Existem 110 conjuntos habitacionais, totalizando 30.264 casas, e 10,26% de toda a população pesquisada vive em áreas de ocupações irregulares. Nos últimos 12 meses, a Cohab fez a entrega na região de cerca de 400 unidades. Só em janeiro deste ano foram entregues 136 apartamentos, financiados pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR), em parceria com a Caixa Econômica Federal.
Um dos problemas crônicos da CIC, os alagamentos que atormentavam, a cada chuva, a população ribeirinha do Barigui, já foi solucionado com a drenagem e limpeza de trechos críticos do rio. Além da implantação de galerias tubulares, as margens foram alargadas e cinco toneladas de lixo foram retiradas. "Os serviços deram melhor acesso das pessoas as suas casas e, principalmente, evitaram que pelo menos 500 famílias ficassem desabrigadas durante as chuvas fortes do verão", diz o administrador da regional.
"A gente tem a impressão que mudou de casa e de bairro", alegra-se o auxiliar de pedreiro Antonio Brito Stacheski, morador da rua José Batista dos Santos, onde foram colocados 150 metros de tubos de 1,5 de diâmetro. Como ele, a comunidade que vive no entorno da rua Cid Campelo, principal via da regional, também foi beneficiada com a revitalização da rua, que recebeu nova camada de asfalto, drenagem, sinalização, iluminação, calçadas e área de lazer.
Nos quatro bairros que formam a regional CIC, foram feitos quase 10 quilômetros de ensaibramento e recuperação de ruas. Também foram instalados cerca de 1,5 quilômetro de cabos elétricos e 38 postes de iluminação em ruas que antes estavam na completa escuridão. "A instalação da regional trouxe um avanço enorme para a região", avalia o comerciante Davi Costa de Matos, presidente da Associação de Moradores da CIC. "Essa área é muito grande e muito pobre. Precisava mesmo de uma administração específica para cuidar dela". Ele garante que até o comércio melhorou neste último ano, depois da primeira leva de obras realizadas pela Regional.
Um milhão de atendimentos
As 13 Unidades Municipais de Saúde (US), mais as US – PSF (Programa de Saúde da Família) da Regional CIC fizeram, nos últimos doze meses, cerca de 1,1 milhão de atendimentos, contando com os programas de hipertensos, diabéticos, oficinas da Mãe Curitibana, entre outros. Este ano, o grande avanço será a inauguração, prevista para o segundo semestre, da US 24 Horas, com 1.800 metros – o dobro da área das atuais US 24Horas. Esta unidade vai contar com Pronto Atendimento Infantil e equipes de 60 médicos, 12 enfermeiros e 66 auxiliares de enfermagem, fora o pessoal de serviços gerais e ambulância.
Na educação, a abertura de duas novas creches (Centros municipais de Educação Infantil – CMEI) e uma pré-escola, se somaram às cinco escolas municipais já existentes na regional, com a abertura de quase 500 vagas. O programa Comunidade Escola – que promove atividades culturais, informativas e de lazer para integrar a comunidade nos finais de semana – foi implantado em parceria com os núcleos da regional em três escolas, recebendo cerca de 800 participantes por fim de semana.
"As atividades de integração tornam o pensamento das pessoas mais saudável", avalia o gerente do Núcleo da Secretaria de Esporte e Lazer da Regional, Guatimozim de Oliveira Santos. No primeiro ano da regional CIC, o núcleo atendeu cerca de 66 mil pessoas nas diversas atividades esportivas e recreativas promovidas nos vários espaços municipais.
O núcleo da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) registrou, desde a instalação da regional, cerca de 29 mil atendimentos nas programações culturais promovidas – de música, teatro, literatura, dança, artesanato, cinema, entre outros, além do cadastramento de grupos artísticos locais, que trabalha na descoberta, promoção e divulgação de talentos locais.
"Nesta região praticamente inexistiam atividades culturais", informa o gerente do núcleo da FCC, João Mário Istrisoski, revelando que a resposta da população às ações culturais tem sido gratificante. "Montamos uma peça de teatro adulto na Vila Verde (uma das mais carentes da CIC) e tivemos que repetir as apresentações durante cinco finais de semana, com uma platéia de 300 pessoas em cada mostra", conta, e garante: "Se tiver atividade, a população participa".
As múltiplas opções de atividades também têm reduzido a criminalidade na CIC. Segundo o responsável pelo núcleo da Guarda Municipal na CIC, Vanderson Lima Cubas, embora não exista estatística oficial, é perceptível que "onde entra uma escola, uma creche, uma praça equipada para lazer, a criminalidade diminui". Neste quesito, a regional CIC também caprichou: construiu ciclovias, canchas de esportes, revitalizou praças e bosques, incluindo o Parque dos Tropeiros, hoje equipado para médios e grandes eventos populares.
Para atender a Regional, a Guarda Municipal conta com 114 agentes, três viaturas e duas motocicletas. "Mas o que faz a diferença, são os conselhos comunitários de segurança", destaca Cubas. A exemplo dos conselhos de segurança, estão cadastradas na regional 158 entidades comunitárias – como clubes de mães, associações de moradores, conselhos de saúde e outros – que funcionam sempre em parceria com o poder público. "A comunidade é nossa grande parceira de gestão", conceitua Dirceu de Matos.
A moradora Shyrleide Gonçalves de Lima, líder de uma série de ações sociais e de cidadania realizadas em parceria com a regional no Conjunto Vitória Régia, concorda com Dirceu. "O êxito da regional está em três pontas: na confiança do prefeito Beto Richa em nos presentear com a administração descentralizada; na competência da equipe escolhida para administrá-la; e na compreensão e boa vontade da comunidade para fazer essa parceria", avalia.
As parcerias na regional CIC se multiplicam também na solução de questões práticas: somente este ano, foi pavimentado 1,2 quilômetro de ruas no sistema de divisão de responsabilidade entre a comunidade e poder público. No caso, a Prefeitura entra com as máquinas, mão-de-obra e antipó e os moradores se responsabilizam pelo restante do material, como a compra de meio-fio e pedra granulada. "Agora sim, dá para fazer calçada e até um jardinzinho na frente de casa", anima-se Odorico José da Silva, morador da rua Sebastiana Cordeiro, Vila Sandra, onde a parceria tornou possível a implantação de 245 metros de pavimentação com antipó.
Qualidade de vida
Rua mais limpa, flores na porta de casa, comida melhor e mais barata. Os moradores da CIC vão melhorando sua qualidade de vida em cada nova ação da administração descentralizada da Prefeitura. Neste último ano, a Regional reformou os três armazéns da Família e triplicou os itens e marcas de produtos oferecidos.
"Encontramos nos armazéns da Família os mesmos produtos dos supermercados normais, só que com preços bem melhores", diz a dona de casa Sueli Lima dos Santos, moradora do bairro Sabará, usuária também de um dos nove Mercadões (ônibus) da CIC. A regional também ampliou de 10 para 13, o número de pontos do projeto Câmbio Verde (troca de lixo reciclável por comida), melhorou os cinco pontos do Nosso Quintal (horta comunitária) e os 27 do projeto Lavoura (plantios de agregação de renda sob os linhões de transmissão de energia da Eletrosul).
Na área social, a Fundação de Assistência Social (FAS) implantou três CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) que estão fazendo a diferença na vida das comunidades das vilas Verde, Itatiaia e CIC – as mais carentes da regional. Nestes espaços, situados em locais estratégicos de fácil acesso, são feitos atendimentos sociais de variadas motivações, que vão desde acompanhamento familiar em situações de vulnerabilidade e atendimentos médicos, até ações de capacitação profissional e geração de renda.
No último ano, os três CRAS fizeram mais de 40 mil atendimentos. "Além de todos os serviços estarem na porta da casa da gente, ainda temos atenção, carinho e amizade", diz Jucilei Castilho dos Santos, presidente do Clube de Mães da Vila Verde. Segundo a Coordenadora do Núcleo da FAS na CIC, Zanete Buzzi, nos dois Liceus de Ofício e entidades conveniadas foram capacitadas quase 1.800 pessoas e 140 adolescentes do programa Menor Aprendiz foram encaminhados para o primeiro emprego.
Os CRAS também levam aos bairros, através de convênios com as instituições respectivas, serviços de confecção de documentos (RG, CPF, Carteira de Trabalho), de situações cíveis (separações, divórcios, pensão alimentícia, guarda de filhos, etc), de saúde (vacinação e consultas), concessão de benefícios às famílias em situação de vulnerabilidade (vale transporte, material de construção, cestas básicas, vestuário, cadeiras de rodas, etc).
A FAS ainda acompanha nove grupos de Terceira Idade em atividades recreativas e sócio-educativas e faz atendimentos e encaminhamentos a idosos em situação de risco social e pessoal, vitimizados dentro de suas famílias, através do Programa SOS Idoso. "Nunca tantos atendimentos estiveram tão perto da comunidade. Embora ainda haja muito por fazer, nossa satisfação é perceber que a população entendeu a proposta de parceria do prefeito Beto Richa e hoje se sente respeitada", finaliza o administrador Dirceu de Matos, quase num fôlego missão cumprida.