Como rabo de cavalo

Usando o ditado popular, estamos “crescendo como rabo de cavalo”. Para baixo. Há índices positivos, aparentemente positivos e claramente negativos, formando uma sopa de números que se torna intragável, na medida em que o gosto tem sido o amargo desemprego, a queda na produção e nos negócios e a redução dos investimentos internos e externos. O mercado reduziu, pela oitava semana consecutiva, sua projeção de inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) calculado pelo IBGE para este ano. A pesquisa é feita semanalmente por analistas e consultores financeiros e a projeção de 10,62% caiu para 10,13%. A meta ajustada pelo Banco Central, para o ano, é de 8,5%, o que demonstra que esses resultados descendentes da inflação ainda estão longe do desejado. Nos três últimos meses houve deflação, ou seja, os preços não subiram, e sim caíram.

Estas deveriam ser notícias alvissareiras. A queda da inflação seria sinal verde para uma queda sensível das taxas de juros, com estímulos aos investimentos produtivos e ao aumento do consumo. Tudo com o que sonham consumidores e empresários. Infelizmente, isso não vem acontecendo. A inflação, cai, e até chegamos à deflação, porque estamos em crise, há estagnação da economia, os investidores estão retraídos e os consumidores amedrontados ou mesmo sem dinheiro. Aliás, o mundo está encolhido, em matéria de investimentos. A crise é mundial e, quando há medo de investir, a seletividade é maior. Embora preguemos que o Brasil é um bom receptor de investimentos, a verdade é que o investimento estrangeiro em nosso País, neste ano, caiu 63,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O capital internacional para aplicações diretas está preferindo os países que oferecem vantagens fiscais e segurança.

Aí, é de se indagar se o Brasil, sob o comando de Lula, oferece ou não segurança. A medir-se pelo chamado risco-Brasil, o nosso País é cada vez mais seguro. E inseguro parecia ao mercado, durante a campanha eleitoral. Então, o PT era de esquerda e foi difícil convencer que Lula não decretaria moratória e que cumpriria contratos e compromissos firmados. Assumindo, nada fez que desagradasse ao mercado, recuperando assim a confiança abalada.

Mas é de se indagar como esse mercado encolhido e assustado vê o Brasil agora, quando por aqui ocorrem invasões de terras públicas e particulares, de edifícios públicos e privados, há uma crescente onda de violência e as reformas encetadas por Lula, já enviadas ao Congresso Nacional, recebem barulhenta oposição, até com greves no serviço público. Embora nós, brasileiros, estejamos certos de que o governo Lula está firme, lá fora o medo e a ignorância podem estar levando à impressão de que há algo de podre no nosso reino. E que neste gigantesco país da América Latina, continente com uma longa história de instabilidade política e econômica, pode ser que as coisas não estejam num mar de rosas.

Para o homem comum, o trabalhador e a dona de casa, a situação é de inflação descendente nos números, mas ainda não perceptível no supermercado. E de índices de desemprego crescentes, atingindo recordes sobre recordes. O quadro de instabilidade exige ordem e progresso, sem nenhuma preocupação em se estar repetindo o “slogan” positivista inserido em nossa bandeira. A inflação cadente deve vir acompanhada por incentivos concretos ao crescimento econômico. De outra forma, os dados aparentemente positivos serão ilusórios.

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