A vice-governadora da província da Bretanha, Pascale Loget, concede entrevista coletiva nesta quinta-feira para detalhar a Declaração de Intenções firmada entre o conselho regional francês e o Governo do Estado para comercialização de soja convencional. Loget estará acompanhada dos representantes da Federação Camponesa Européia, René Louail, e do Conselho Agrícola da Bretanha, Yvan Le Mevel.
A declaração afirma posição favorável para territórios livres de transgênicos ? seja para culturas agrícolas destinadas à alimentação humana ou para o consumo animal ? e destaca as diretrizes do Princípio da Precaução e da recusa ao patenteamento de seres vivos, determinadas na Conferência Eco 92 e nas discussões das Agendas 21 da Bretanha e do Paraná. A carta ressalta ainda que a defesa destes princípios não significa oposição ao desenvolvimento da biotecnologia.
Além da visita da missão francesa, a discussão sobre comércio da soja convencional trouxe para Ponta Grossa o adido comercial da embaixada do Japão, Shigeki Tsutsui, para participar de palestra proferida pelo presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Alysson Paulinelli. O ex-ministro da Agricultura sucede o atual ministro Roberto Rodrigues na presidência da entidade. Ao lado da China e da Índia, o Japão figura entre os mercados do oriente que buscam o fornecimento de soja livre da transgenia.
Acordo
O compromisso, que significa na prática a garantia de um mercado para soja livre de transgenia, foi bem recebida pelos produtores paranaenses. Para o gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial de Medianeira (LAR), Mário Balk, o acordo representa segurança importante para o produtor que se negou a plantar soja transgênica. “Não recomendamos aos cooperados o plantio de transgênico desde a proibição determinada pelo Governo do Estado. Para o Paraná é muito bom ter a garantia deste mercado, uma vez que a França sempre foi um grande comprador do Brasil”, avalia.
Presidente da Castrolanda, cooperativa que realiza há cinco anos o rastreamento da soja, Franz Borg espera que a realização de acordos semelhantes agregue valor adicional à produção. “A rastreabilidade gera custo maior, por isso eu espero que a defesa da soja convencional seja revertida em bônus para o produtor”, afirma ao lembrar que o esforço para produção convencional já chamou a atenção de redes varejistas daquele país.
Segundo o superintendente-adjunto da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Nelson Costa, é importante a garantia do mercado e a conquista da parcela ocupada por eventuais fornecedores que operam com transgênico, apesar dos franceses já serem tradicionais compradores do Paraná “Nós desenvolvemos a tecnologia de rastreabilidade com os franceses, portanto, será muito fácil respeitar este compromisso estabelecido pelo Governo do Estado”, ressalta.