Brasília (AE) – O presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), vai solicitar a interferência do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), do Ministério da Justiça, para que a comissão tenha acesso aos extratos da conta do publicitário Duda Mendonça nas Bahamas. Em depoimento à CPI, o publicitário afirmou ter recebido R$ 10,5 milhões nas Bahamas como pagamento de dívidas do PT. Na sexta-feira, a promotoria do Condado de Nova York negou o pedido de exame da documentação pela comissão sob a alegação de que a quebra do sigilo bancário das contas do publicitário foi feito pela Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o DRCI e, por isso, os dados não podem ser compartilhados com a CPI dos Correios.
"Acho que não vamos ter problemas em obter esses dados. Mas, se for o caso, vamos até Nova York para conversar com o promotor", disse hoje (16) o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), subrelator de movimentações financeiras da CPI dos Correios. Delcídio deverá enviar amanhã ofício ao DRCI solicitando que o Ministério da Justiça obtenha autorização das autoridades americanas para que a CPI tenha acesso aos documentos.
No ofício, o senador vai alegar que o acordo de Assistência Judiciária de Matéria Penal entre o Brasil e os Estados Unidos permite que a CPI compartilhe dados como os extratos bancários de Duda Mendonça. "Vamos argumentar que esses documentos têm pertinência com as investigações sobre corrupção que estamos fazendo na CPI", afirmou Fruet. As autoridades americanas temem que os documentos sejam vazados pelos parlamentares, o que prejudicaria as investigações.
Além das dificuldades em ter acesso aos dados obtidos no exterior, a CPI dos Correios também enfrenta divergências com a Receita Federal e a Polícia Federal sobre o compartilhamento de informações a respeito do esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para abastecer o caixa 2 do PT.
Na quarta-feira, os integrantes da comissão reúnem-se com representantes da PF e da Receita para cobrar uma colaboração maior com a CPI. "Todos os dados que recebemos, nós compartilhamos. E até agora a Receita já abriu ações fiscais para verificar a movimentação bancária do Marcos Valério e não repassou as informações", observou Fruet.