Brasília – A Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) pretende divulgar nota de repúdio à ação dos fazendeiros de Mato Grosso que ontem (8) fizeram uma falsa comunicação de assalto com refém em sua propriedade, depois que um dos fiscais do trabalho deu voz de prisão ao capataz por porte ilegal de arma. O capataz se comunicou por rádio com um dos donos da fazenda Sankara, no município de Nova Lacerda e ele chamou a Polícia Militar ao local. Os policiais chegaram atirando contra os fiscais do trabalho e os policiais federais que integravam a equipe.
A conselheira Ruth Vilela, membro da Comissão, lamentou o incidente e afirmou que pela primeira vez uma equipe de fiscais sofreu esse tipo de violência: "As equipes já passaram por várias situações de risco, mas essa é a primeira vez que ficaram sob uma situação de violência e risco à vida". Ela acrescentou que a Polícia Federal está investigando o fato.
Além da nota de repúdio, a próxima reunião da Comissão, por sugestão do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e do secretário Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, será realizada em Mato Grosso, em março. "Como medida preventiva decidimos também fazer um convite à autoridade maior do estado, o governador, para discutir essas questões e evitar futuras situações como essa", comentou a conselheira.
Em entrevista ontem à Agência Brasil, o subprocurador geral do Trabalho e coordenador nacional de Combate ao Trabalho Escravo, Luiz Camargo, afirmou que a ação dos fazendeiros será investigada e que ele cobrará do poder público uma resposta. Os donos da fazenda foram presos por provocar um conflito entre policiais militares e agentes da Polícia Federal com a falsa denúncia de assalto à propriedade.
