Comissão discute peso das gratuidades no preço da tarifa de transporte

Na terceira reunião da Comissão de Estudos da Tarifa, que aconteceu na manhã desta quinta-feira, o principal assunto discutido foi o peso das isenções e gratuidades no preço final da passagem de ônibus. A direção da Urbs, responsável pelo gerenciamento do sistema de transporte coletivo, apresentou a relação de grupos beneficiados e o número de deslocamentos gratuitos por mês.

As pessoas que não pagam tarifa, por conta das isenções e gratuidades, fazem quase quatro milhões de deslocamentos por mês – 15% do total de 27 milhões de deslocamentos mensais. O percentual é compensado no preço cobrado dos passageiros pagantes. Na tarifa de R$ 1,90, quase trinta centavos servem para cobrir os benefícios.

"Não está em discussão, em hipótese nenhuma, acabar com os benefícios ou rever as isenções e gratuidades. Nosso objetivo é encontrar fontes para compensar esse gasto que hoje entra no cálculo geral da tarifa e sai do bolso dos passageiros pagantes", explicou o diretor de transporte da Urbs, Luiz Sebastiani.

O maior grupo de isenções é formado pelas pessoas com mais de 65 anos, que têm garantido pela Constituição Federal o direito de andar de graça no transporte coletivo. Sã 128 mil pessoas cadastradas, que usam em média 1,6 milhão de deslocamentos por mês nos ônibus da cidade. O grupo corresponde a 42.95% do total de isenções concedidas.

Em segundo lugar vêm os 29 mil portadores de necessidades especiais e aposentados por invalidez, de baixa renda, que fazem 848 mil deslocamentos por mês, o que representa 21,78%. Em terceiro lugar estão os operadores do sistema de transporte coletivo, entre motoristas, cobradores e trabalhadores das empresas de ônibus. São 15 mil pessoas que fazem 540 mil deslocamentos por mês sem pagar tarifa, o que corresponde a 13,87% do total de passagens do sistema.

Outras isenções e gratuidades são concedidas para carteiros, policiais fardados, oficiais de justiça e 22 mil estudantes de famílias com baixa renda, que têm direito à meia-tarifa. Também entra na conta o sistema de transporte especial para alunos portadores de necessidades especiais (Sites).

"É fundamental que o cidadão saiba exatamente o que está pagando quando anda de ônibus. Todos esses benefícios entram no cálculo geral da tarifa", disse o presidente da Urbs, Paulo Schmidt, que também preside a Comissão de Estudos da Tarifa, criada pelo prefeito Beto Richa para dar mais transparência à planilha de cálculo do preço da passagem de ônibus.

Algumas sugestões já foram apresentadas pelos integrantes da Comissão, que conta com a participação de entidades governamentais, sindicatos, universidades, OAB e Ministério Público. O professor José Maderna Leite, especialista em engenharia de transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sugeriu uma campanha para que os idosos usassem o transporte coletivo preferencialmente fora dos horários de pico. "Seria melhor para os idosos, que teriam mais conforto e segurança, e melhor para os passageiros pagantes, que enfrentam a lotação dos ônibus nos horários de entrada e saída do trabalho", disse ele.

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc), Denilson Pires, lembrou o problema dos assaltos a cobradores e as invasões de estudantes em estações-tubo e terminais, que andam de graça e encarecem a tarifa para os passageiros pagantes. "É um problema econômico, mas principalmente de segurança pública", afirmou ele.

O presidente da Comissão da Tarifa lembrou que todas as sugestões serão discutidas com profundidade ao longo dos três meses de trabalho do grupo. A reunião de hoje foi a terceira desde o início dos trabalhos. O próximo encontro já foi marcado para a quinta-feira (24), às 8h30, no auditório da Urbs.

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