Depois de mais de 10 dias de visitas ao sul de Mato Grosso do Sul, veterinários da União Européia apontaram ao governo brasileiro falhas no controle da febre aftosa e no sistema de rastreabilidade adotado pelo País. "Têm pontos falhos que foram detectados", comentou o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Marcio Portocarrero. A rastreabilidade é o sistema que reúne dados referentes aos bovinos desde o nascimento até o abate. Com base nessas informações é possível rastrear um carregamento e chegar à origem do lote, procedimento fundamental quando há problemas de qualidade para o consumidor final
Ontem, o secretário anunciou novas regras para o sistema. A intenção era agradar os europeus, mercado que absorve de 20% a 25% das exportações brasileiras de carne bovina. As novas regras só valem a partir de 2008. "Espero que eles fiquem satisfeitos", afirmou. A principal mudança no sistema é que os animais, cuja carne tenha como destino mercados que peçam a rastreabilidade – hoje só União Européia e Chile fazem esse tipo de exigência – precisam conviver juntos em propriedades certificadas pelo governo. Hoje, animais rastreados ou não podem ser criados numa mesma fazenda
Apesar dos esforços, os europeus sinalizaram que não ficaram muito satisfeitos com o que viram. Ao visitar Mato Grosso do Sul eles avaliaram o modelo de rastreabilidade antigo. As novas regras foram traduzidas para o inglês e entregues aos técnicos europeus. Os veterinários também inspecionaram as ações do governo para conter os focos de febre aftosa diagnosticados no Estado. "Eles não entenderam algumas ações feitas na região", comentou uma fonte do ministério
Entre as "não conformidades", contou a fonte, os europeus apontaram falhas no cadastro de propriedades na região sul de Mato Grosso do Sul.Eles criticaram investigações epidemiológicas feitas nos municípios de Japorã, Eldorado e Mundo Novo, onde foram descobertos os focos. O curioso é que os pecuaristas de Mato Grosso do Sul admitiram rapidamente os problemas sanitários e aceitaram o abate de animais, o que não aconteceu no Paraná
De forma reservada, técnicos do ministério comentaram que, se os europeus visitassem o Paraná, a reabertura do mercado europeu seria impossível no curto prazo. Por causa da aftosa, o bloco suspendeu as importações de carne bovina fornecida pelos dois Estados e por São Paulo. "Eles também criticaram o monitoramento na fronteira", contou a fonte