Comerciantes que trabalham dentro do pátio de triagem do Porto de Paranaguá, no litoral do Estado, estão preocupados com a perspectiva de terem que fechar seus estabelecimentos. No local estão presentes 28 cantinas e uma banca de jornais e revistas.
No fim de agosto, todos os comerciantes, que pagam aluguel pelos pontos comerciais, foram informados, por correspondência, que terão que deixar o lugar. O documento é assinado por integrantes da administração do Porto. “Foi nos dado um prazo de trinta dias para deixar o pátio de triagem. Este prazo vence no fim do mês”, conta a dona da banca, Norma Soares, que está há dez anos no Porto. “Na correspondência que recebemos, só diz que a administração vai precisar do espaço que ocupamos, mas não explica o motivo. Também fala que não nos será dado outro lugar, nem qualquer tipo de indenização.”
Os estabelecimentos presentes dentro do Porto atendem principalmente aos caminhoneiros. “Tem muita gente que trabalha no Porto e mora longe que também costuma fazer suas refeições nas cantinas”, afirma. “Assim como os caminhoneiros, que geralmente param para tomar café ou fazer um lanche no momento da descarga de seus produtos, estas pessoas vão ser bastante prejudicadas.”
A maioria dos 29 comerciantes está angustiada e sem perspectivas, pois não sabe o que vai fazer se tiver que realmente deixar seus estabelecimentos. É o caso da cantineira Virmate Andrioli de Freitas. Ela tem 54 anos de idade e três filhos. “Estou no Porto há treze anos e não sei para onde vou, pois já não tenho mais idade para arrumar um novo emprego”, afirma. “Dependo da cantina que tenho no Porto para comer e pagar minhas contas. Quando chega a noite já nem consigo mais dormir de tanta preocupação.”
Porto
O Porto de Paranaguá informou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que precisa do espaço que os comerciantes ocupam para ampliar o pátio de triagem. O objetivo é minimizar a fila de caminhões carregados que se forma na Serra do Mar durante o período de safra de grãos. Segundo a assessoria, o Porto está fechando um contrato de seis milhões de toneladas de grãos anuais com importadores da China e vai precisar de mais espaço para melhor atender aos caminhoneiros. Ainda não está programado nenhum tipo de acordo com os comerciantes.