“Boudin na Coleção dos Barões de São Joaquim”
(O “Pai do Impressionismo”)
Considerado o “pai do impressionismo”, por ter instruído o jovem Claude Monet (1840-1926), a mostra do pintor frânces Louis Eugéne Boudin (1824-1898) permite ao público o entendimento das origens do Impressionismo e das raízes da pintura moderna, dois movimentos decisivos para o desenvolvimento da História da Arte. As 20 pinturas do artista em exposição, pertencentes ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, representam uma das maiores coleções públicas no mundo. A coleção do museu carioca só é ultrapassada por outras coleções francesas. Os quadros foram comprados na França pelo barão e pela baronesa de São Joaquim, e doados em 1923 ao Museu Nacional.
“As paisagens retratadas pelo francês representam uma inovação na pintura européia do século 19. Em pesquisas sobre efeitos atmosféricos, Boudin conseguiu uma aparência luminosa em todas as suas pinturas, tornando-se um dos precursores do Impressionismo”, explica a curadora Suzana Paternostro que afirma ainda que Monet, o maior representante do estilo, o reconheceu como seu mestre.
Suzana Paternostro apresenta ainda outras 12 obras de pintores contemporâneos de Boudin, além de uma gravura do artista.
Franco Giglio
(Descoberta brasileira)
“A exposição de franco Giglio tem por objetivo expor de forma analítica e crítica a obra do artista, que nascido e morto na Itália foi no Brasil e, principalmente em Curitiba, que desenvolveu sua obra pictórica. Além de ter sido grande muralista, dominando a técnica do mosaico e também ceramista, muitas vezes desenvolvendo trabalhos em parceria com Poty Lazzarotto. Franco se tornou um importante membro da vanguarda artística curitibana nos anos 70”, define o curador da mostra, Fernando Bini.
Para mostrar essa descoberta artística feita no Brasil, consolidada em Curitiba, essa exposição irá mostrar cerca de 90 trabalhos de Giglio, que datam entre 1971 e 1982. O italiano nascido em 1937, em Dolceacqua, chegou ao Brasil em 1956, com 18 anos de idade, se fixando no Rio de Janeiro. Depois de inúmeras dificuldades, Giglio começou a desenhar e passou a ser colaborador do muralista Antonio Mucci, na execução de painés em mosaico. Nessa função, realizou painés no Rio, em Juiz de Fora, Belo Horizonte e São Paulo, até se transferir para Curitiba, em 1959.
A profissão descoberta no Brasil, permitiu que o artista se tornasse um dos mais importantes profissionais do país. Ao apresentar uma qualidade bastante peculiar, onde o desenho e o traço horizontal estão sempre presentes.
-Trabalhos realizados
Giglio realizou trabalhos para a Assembléia Legislativa do Paraná e para o Cemitério Municipal de Curitiba, além de dezenas de outros, inclusive em residências particulares.
Reconhecido por Poty Lazzarotto (outro significativo muralista paranaense) Giglio executou o projeto de Poty para o Monumento ao Tropeiro, na Lapa, região metropolitana de Curitiba, e ainda para o projeto da agência do Banco do Brasil em Assunción, no Paraguai.
A partir de 1974, dedicou-se fundamentalmente ao trabalho gráfico e pictórico. No ano seguinte, se casou com Roseli de Almeida e retornou à cidade natal. Em 1979, um incêndio destruiu o ateliê instalado em Verona, onde estavam várias obras produzidas em Curitiba. Meses depois veio ao Brasil e realizou uma exposição no MAC/PR. Retornou para a Itália e, em 1982, faleceu aos 44 anos de idade, vítima de um infarto.
Uiso Alemany, em Olinda, como em Alboraia- A gestualidade em carne viva
(Sob o sol de Pernambuco)
Sob a luz do sol de Olinda (PE), o artista espanhol Uiso Alemany encontrou os novos argumentos que procurava para a sua mais recente produção. Em 30 pinturas e 100 desenhos, ele reproduz, principalmente, a gestualidade e as cores fortes encontradas nas roupas e objetos do cotidiano nordestino.
Fiel ao caráter expressionista, as obras de Uiso apresentadas no MON foram realizadas durante dois meses do último verão de Olinda, onde ele montou um ateliê temporário. Internacionalmente reconhecido, o artista mantém ateliê fixo em Alboraia, na zona rural de Valência (Espanha).
Segundo o curador da mostra, Emanoel Araújo, nessa experimentação feita por Uiso, o que mais importa “é a paixão que ele tem pelo Brasil, pelas cores vibrantes e alegres dos trajes do nordeste brasileiro e das pessoas. Como resultado, ele apresenta figuras humanas marcadas por essa forte presença do movimento e das cores”.
Nelson Leirner 1994+10
(O polêmico Leirner)
O artista, descendente de poloneses e nascido em São Paulo em 1932, usa o lúdico para questionar a ordem estabelecida. Ele é quem faz da arte conceitual um canal para provocar a reflexão sobre alguns dos valores artísticos, como o que é arte e artista.
A exposição de Nelson Leirner 1994+10, com curadoria de Agnaldo Farias, faz um balanço da última década de produção de Leirner. A primeira retrospectiva foi apresentada em 1994, tendo a concepção dela assinada pelo mesmo curador. Essa nova mostra, primeiramente apresentada em São Paulo, também gerou polêmica. Este parece ser uma traço marcante nas apresentações de trabalhos do artista, o que contribui para que Leirner não tivesse o devido valor artístico reconhecido no início da sua carreira.
“Entre os trabalhos selecionados repete-se o jogo do imaginário, com os conceitos arquetípicos forjados. Objetos da máquina capitalista cotidiana são dispostos ao lado de tantos outros ícones, vendidos em série em qualquer esquina. De infinitas composições e leituras possíveis a cada montagem. Leirner não cria a maioria de seus objetos de composição, ele se apropria e conceitua. É o lúdico, é a arte conceitual de Leirner”, comenta o curador Agnaldo Farias.