Aproxima-se do fim o desvirtuamento imposto ao Congresso Nacional, mormente ao Senado, que desde maio não fez outra coisa senão dar voltas em torno do imbróglio causado pelo presidente da instituição, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de quebrar o decoro pela utilização de recursos financeiros intermediados pelo lobista Cláudio Gontijo, a fim de pagar a pensão alimentícia da filha com a jornalista Mônica Veloso.

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, em votação aberta, por onze votos a quatro aprovou o pedido de cassação do mandato de Calheiros, decisão referendada no mesmo dia (quarta-feira) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Dessa forma, não subsistem dúvidas quanto à lisura do processo contra o presidente da Casa, bem como foram relegados ao monturo do lixo casuístico os argumentos brandidos pela tropa de choque do senador alagoano, de modo especial os senadores Almeida Lima (SE) e Wellington Salgado (MG).

A derrota de Renan Calheiros na CCJ (20 votos a um) foi ainda mais acachapante, mas mesmo assim o senador persiste em afirmar que será absolvido em plenário, onde aparentemente manipula uma reserva de votos suficiente para preservar o mandato. O assunto será decidido em votação secreta, vantagem que Renan também puxa para si, na próxima quarta-feira.

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Um prego na sandália da bem ensaiada humilhação franciscana de Renan foi representado pelo voto favorável à cassação cravado pelos três senadores petistas no Conselho de Ética (Eduardo Suplicy [SP], Augusto Botelho [RR] e João Pedro [AM]). Na CCJ também houve quatro votos petistas contra Renan e, mau augúrio, cinco votos de senadores do PMDB (Gilvam Borges [AP], Jarbas Vasconcelos [PE], Marconi Perillo [GO], Romero Jucá [RR] e Valdir Raupp [RO]).

A partir da observação, analistas políticos passaram a sustentar que a situação de Renan começou a se arruinar no plenário, de modo que não será nenhum ato descabido o banimento do presidente da Casa, na próxima semana.

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O fato é que todos estão saturados com a opereta de mau gosto, com o engessamento da análise de questões vitais para a administração e, sobretudo, diante da desintegração do Senado sob o péssimo exemplo duma figura atolada na lama.