Rio (AE) – Após cinco meses sem resultado positivo, o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) voltou a subir, com variação de 0,48% em outubro, ante deflação de 0,69% em setembro. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), houve um verdadeiro "choque" de combustíveis no indicador, que sofreu o impacto máximo dos reajustes nos preços de gasolina e do diesel, em vigor desde 10 de setembro.
O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, explicou que o IGP-10 abrange o período de 11 de setembro a 10 de outubro – ou seja, 30 dias exatos após a divulgação dos reajustes pela Petrobras. Ele comentou que o processo de deflação medido pelos IGPs já estava dando sinais de que ia terminar, mas o "reajuste dos combustíveis acelerou esse processo."
Para mensurar o impacto dos combustíveis na inflação, Quadros citou a alta do preço do óleo diesel no atacado (de 0 32% para 8,90% de setembro para outubro). Se fosse excluído somente o efeito do diesel na inflação, o IGP-10 de outubro teria subido menos da metade: 0,21%. "Essa subida do IGP-10, agora, é mais um soluço do que uma tendência porque ela é movida a diesel", brincou, não descartando uma taxa menor para o IGP-10 de novembro
Com a alta nos preços dos combustíveis (7,79%), os preços no atacado subiram 0,57%, ante queda de 0,91% em setembro. Além de diesel, foram destaques os aumentos de querosene para motores (14,25%); óleos combustíveis (7,53%); gasolina (7,73%); e álcool etílico hidratado (8,70%).
Esse IGP-10 de outubro também marcou o fim do efeito benéfico da valorização do real ante o dólar, que durante meses puxou para baixo os preços de produtos relacionados à moeda norte-americana, no atacado. Os preços dos materiais e componentes para manufatura passaram de queda de 0,87% para aumento de 0,06%. Esse setor sofre influência direta do câmbio, e é fornecedor de insumos para a indústria.
Sem a vantagem da influência cambial, os preços de ferro aço e derivados no atacado, que estão caindo há cerca de cinco meses e foram beneficiados pela valorização do real, reduziram fortemente a queda, passando de -1,70% para -0,71% de setembro para outubro.
Além de pressionar no atacado, os combustíveis também ajudaram a elevar a inflação no varejo. Os preços ao consumidor passaram de queda de 0,36% em setembro para alta de 0,33% em outubro. O grupo que mais contribuiu para a elevação foi o de transportes, cujo aumento de 0,01% para 0,47%, influenciado pelos preços em combustíveis (7,21%).
Já os preços na construção civil subiram 0,28% em outubro, ante variação zero em setembro. Até outubro, o IGP-10 tem elevações de 1,06% no ano e de 2,68% em 12 meses.