Comando irresponsável

O ex-ministro Antônio Palocci conseguiu ludibriar a imprensa da capital da República, atraída para um hotel onde um de seus advogados daria entrevista coletiva para anunciar uma revelação bombástica. Isso aconteceu no início da noite de terça-feira.

Enquanto os jornalistas estavam de plantão no saguão do hotel (as redes de TV mostraram as cenas), à espera do advogado José Antônio Batochio, que já presidiu a OAB federal, Palocci prestava depoimento a agentes da Polícia Federal, em sua residência no Lago Sul.

O ponto positivo – se há um – é que a PF já fez o indiciamento do ex-ministro por quebra do sigilo bancário na Caixa Econômica Federal do caseiro Francenildo Santos Costa. Segundo a instituição, não há nada que dificulte concluir que Palocci está no início da cadeia de comando responsável pela autorização de invadir a conta poupança do caseiro.

Na manhã de ontem, a PF tomou o depoimento do ex-assessor de imprensa do antigo ministro da Fazenda, jornalista Marcelo Netto, visto por testemunhas na casa de Palocci quando o ex-presidente da CEF, Jorge Mattoso, entregou o extrato da conta de Nildo.

O ex-assessor, que estava desaparecido desde a exoneração de Palocci, mas de súbito apareceu, carregava a suspeita de ter vazado uma cópia do documento à revista Época, que na mesma noite o divulgou em seu blog.

Palocci, contudo, voltou a negar qualquer envolvimento pessoal na quebra do sigilo e sua divulgação para a imprensa, embora todos os indícios ajuntados até o momento pela Polícia Federal sustentem exatamente o contrário. Mesmo não admitindo, o ex-ministro está indiciado e, assim, sujeito ao processo criminal a ser instaurado.

O complicador na vida de Palocci passou a ser o testemunho de dois auxiliares diretos do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, convidados à sua casa na noite fatídica e de quem o ex-chefe da economia indagou a possibilidade de a PF investigar o caseiro inconfidente. Os assessores de Bastos confirmaram à própria PF a ?sugestão? ouvida do ex-ministro da Fazenda.

Lances da conduta republicana dos principais nomes da administração Lula, em tudo semelhantes ao enredo de um filme noir classe B. Um comportamento inconseqüente e destituído de qualidade moral de quem se esperava tanto. Um autêntico blefe…

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