Brasília – O comando do PL decidiu manter o apoio ao PT na eleição presidencial, caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decida disputar a reeleição. Para isso, o PL aceita até mesmo abrir mão da posição de indicar o candidato a vice-presidente na chapa de Lula, como ocorreu na eleição de 2002, quando o partido lançou o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, para compor.
Apesar de Alencar ter deixado a legenda em 2005, filiando-se ao PMR, o PL não vê empecilhos para se manter na aliança com o PT, mesmo que o presidente decida preservar o vice-presidente e ministro da Defesa ou abrir a posição para um nome indicado pelo PMDB, por exemplo.
Para aliados, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem repetido que "não se aliará com partidos de oposição só porque o governo Lula está mal, politicamente". Costa Neto renunciou em 2005 ao mandato de deputado para escapar do processo de cassação por envolvimento com o chamado esquema do "mensalão". Com o partido desgastado pelo envolvimento nas denúncias de irregularidades, ele sabe que o posto mais confortável ainda é do lado do PT, no palanque de Lula. Com três minutos de publicidade eleitoral gratuita na televisão para oferecer ao presidente na campanha presidencial, os dirigentes do PL têm conhecimento de que a sigla continuará com influência num eventual segundo mandato de Lula, ocupando ministérios e outros cargos importantes, mesmo fora da Vice-Presidência.
A assessoria da agremiação confirmou hoje que o PL "vai apoiar a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso de ele lançar-se à reeleição". No partido, não há dúvidas de que o presidente tentará um novo mandato, ainda que prefira adiar o anúncio da candidatura oficial. Se Lula desistir e houver outro candidato governista, a legenda tende a manter o suporte, mas prefere analisar o nome que for lançado antes de sacramentar a aliança.
A coligação política entre PT e PL foi um dos principais movimentos estratégicos feitos pelo presidente para quebrar a resistência do eleitorado mais conservador à candidatura. Ao lançar o nome de Alencar, um dos principais empresários do País e, na época, filiado à sigla, como candidato a vice-presidente, Lula e o PT conseguiram trazer para o lado da agremiação, em 2002, apoios importantes do setor produtivo.
Depois da bem-sucedida campanha eleitoral, a aliança com o PT foi contaminada pela descoberta de que o PL também tinha recebido repasses de recursos das empresas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, no esquema de caixa dois. Sem a mesma força que tinha em 2002, o partido, no entanto, ainda possui uma bancada de 39 deputados e dois senadores, que costuma votar quase fechada a favor de propostas de interesse da administração federal. Com o tempo de televisão disponível e esses votos potenciais no Congresso, o PL ainda se mantém um aliado interessante para o PT.
Costa Neto deverá disputar um novo mandato de deputado nas próximas eleições. Ao renunciar, em 2005, o presidente nacional do PL conseguiu preservar os direitos políticos e deverá testar a receptividade do eleitorado, apesar da acusação no esquema do "valerioduto.