Comandante pode não ter licença para pilotar Legacy

A empresa de táxi aéreo ExcelAire informou ontem que os funcionários Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, que comandavam o Legacy quando o avião colidiu com o Boeing da Gol, matando 155 pessoas na sexta-feira, têm licença de pilotos de vôos comerciais e ambos estão habilitados para comandar aeronaves Embraer. Nos registros da Federal Administration Agency (FAA), a agência americana de aviação, no entanto, não consta a habilitação de Lepore, piloto da aeronave, para aviões da Embraer.

A informação foi passada ao jornal O Estado de S. Paulo pelo porta-voz da FAA, Les Dorr. Segundo os registros, Lepore tem o chamado type rating, tipo de habilitação exigida pelo regulamento de aviação americano para aeronaves Cessna e Gulfstream. Só Paladino, co-piloto do Legacy, possui a habilitação para Embraer. Mas a legislação americana exige tal certificação do piloto. "Normalmente, o piloto que detém a type rating estaria no comando da aeronave, e o outro, como co-piloto", explicou Dorr. "Mas não podemos especular sobre nada nesse momento. Isso será considerado nas investigações.

Door informou que existe a possibilidade de o piloto ter obtido a habilitação de Embraer ‘muito recentemente’, não constando ainda no registro da FAA. O Estado solicitou à empresa que enviasse cópia da habilitação de Lepore, mas, até as 23 horas, não havia recebido retorno.

Os dois, de acordo com a FAA, têm licença como pilotos de transporte aéreo, que seria o mais alto grau de qualificação que um piloto pode obter, exigido para capitão de vôos. Mas, de acordo com especialistas da Flight Safety Foundation (FSF), organização não-governamental na área de segurança em aviação, ainda assim, no caso do Legacy, o piloto deve seguir o regulamento, que exige a habilitação específica.

"Os pilotos do Legacy são fundamentais na investigação. Acho um erro do governo brasileiro ameaçá-los. Pela lei americana, eles não seriam obrigados a falar antes de terminadas as investigações", disse o vice-presidente da FSF, Bob Vanel. A ExcelAire informou que Lepore é piloto comercial desde 1984, com 8 mil horas de vôo, e Palladino, desde 1996, e tem 6.400 horas de vôo.

Procurada pelo Estado, a porta-voz da ExcelAire, Lisa Hendrickson, não quis comentar os rumores de que os pilotos teriam desligado o transponder, equipamento que identifica a aeronave para os radares, ou sobre a possibilidade de a Justiça brasileira pedir sua prisão.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo