O Comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, não esconde seu constrangimento por ter sido protagonista de um episódio que poderá manchar sua folha de serviço e que ainda traz o risco de seu afastamento do governo. No Chile, onde participou da Reunião de Comandantes de Exército dos Países do Mercosul e Membros Associados, refutou as versões de que teria abusado de suas atribuições e seu cargo para embarcar em um vôo de Campinas (SP) para Brasília, no último dia 1º, e deixou claro que não se esquivará de apresentar esclarecimentos nem sairá do seu posto, por iniciativa própria.
À Agência Estado, Albuquerque narrou calmamente o episódio, afirmou que não agiu de forma autoritária e acentuou que carteiraço não faz parte de sua história. O general já admitira que se apresentara, porém, como comandante do Exército no aeroporto. Ressaltou que, como consumidor, sentiu-se prejudicado pela companhia aérea e que só tomou conhecimento da solução encontrada para embarcá-lo quando já estava dentro do avião. "Quem conhece a minha história de vida sabe que não sou adepto a atitudes autoritárias, nem a privilégios nem ao uso de minhas atribuições para conseguir vantagens. Há atitudes que caracterizam o carteiraço, e elas não fazem parte da minha vida" explicou durante seu café da manhã, enquanto descascava cuidadosamente uma maçã. "Certamente, não vou me aposentar. Ficar zangado e jogar o boné não é o meu estilo. Eu não fujo de situações adversas. Fui formado para enfrentá-las", acrescentou mais adiante.
Nos últimos dias, o caso constrangeu o governo Luís Inácio Lula da Silva e provocou estranheza por envolver um comandante reconhecido por suas atitudes franciscanas, se comparadas às de outras autoridades de Brasília. Albuquerque, entretanto, deverá apresentar-se às comissões de Relações Exteriores e Segurança Nacional, do Senado, e de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos. O Conselho de Ética do Servidor Público igualmente pediu justificativas.
No Chile, o general participou da criação de um mecanismo que visa a maior integração das Forças Armadas do Mercosul ampliado, que envolve Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador e Venezuela.
