A polícia do Rio investiga se os celulares encontrados ontem(24) na cela do traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, no Batalhão de Choque da PM, no centro da cidade, foram levados pelas pessoas que visitam os outros presos ou se foram passados por policiais corruptos. Além de Elias e de outros seis traficantes, estão no quartel 32 detidos, que são PMs, ex-PMs e criminosos comuns. Hoje de manhã, policiais fizeram duas revistas nas celas, mas nada foi encontrado.
Os celulares estavam escondidos na divisória de madeira compensada, na cela que Elias Maluco divide com Marcos Antônio da Silva Tavares, o Marquinho Niterói. Elias é o principal acusado do assassinato do jornalista Tim Lopes e Marquinhos teria ordenado o fechamento do comércio na Região Metropolitana no dia 30 de setembro.
O comandante do BPChoque, coronel Francisco Spárgoli, admitiu que as revistas aos visitantes dos outros detentos não são rigorosas. ?Tudo está sendo investigado. As outras visitas não têm aquele rigor na revista. É uma revista superficial, em bolsas. Nas penitenciárias é diferente, tem que tirar a roupa.? Ele disse ainda que as celas desses presos não são vasculhadas com tanta freqüência – nas dos traficantes há duas varreduras por dia, pela manhã e à tarde.
Spárgoli afirmou que os soldados que fazem a segurança no quartel podem ter facilitado a entrada dos telefones. ?Falha houve. De um jeito ou de outro, a segurança falhou e vamos apurar isso.? Os traficantes não têm permissão para receber parentes, somente advogados, e têm de conversar com eles num parlatório improvisado que fica no meio do pátio do batalhão. Por causa disso, é pouco provável a hipótese de os aparelhos terem sido repassados pelos advogados, segundo o comandante da PM, coronel Francisco Braz.
Braz afirmou hoje, em tom de desabafo, que todos os policiais deveriam estar envergonhados com a possibilidade de os celulares terem sido passados por PMs corruptos. O coronel fez hoje 55 anos e disse que a notícia foi ?o pior presente de aniversário que já recebeu.?