Brasília – Os estudos meteorológicos, que representam importante aspecto no planejamento e utilização da produção energética, vêm adquirindo maior relevância no país. Ainda assim, especialistas brasileiros acham que a atenção aos impactos climáticos sobre o setor tende a aumentar à medida que o país diversificar a matriz energética, recorrendo a outras fontes de energia além da hidrelétrica. Segundo eles, a previsão de ventos, do volume de chuvas e das condições de radiação solar, entre outros, contribuem para o aproveitamento e gerenciamento de recursos naturais.
"Previsões meteorológicas adequadas podem proporcionar ao setor energético a possibilidade de fazer um planejamento de suas ações a curto ou longo prazo", garante o gerente do Departamento de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Alexandre de Araújo Costa. Segundo ele, há um conjunto de aplicações possíveis da meteorologia em relação ao setor energético.
No caso da matriz eólica, a capacidade de prever a intensidade dos ventos é fundamental para calcular a capacidade de produção dos geradores eólicos (modernos moinhos de vento que se assemelham a enormes hélices de avião). Quanto à produção de energia hidrelétrica, antecipar o volume de chuvas contribui para que os responsáveis pelos reservatórios planejem a utilização dos recursos hídricos. No caso do emprego da energia solar, Costa cita a importância da avaliação da cobertura de nuvens, o que, segundo ele, varia muito durante o ano.
O técnico Mozar Salvador, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), diz que além da previsão de chuvas ser importante para a operação dos reservatórios hídricos, é também um dos aspectos de projetos hidrelétricos, uma vez que, para dimensionar a capacidade de seus reservatórios, os operadores devem considerar a possibilidade de ocorrências extremas registradas anteriormente tornarem a se repetir. É o caso de grandes tempestades que ocorrem de tempos em tempos em determinadas regiões.
Para o representante da Funceme, embora o Brasil não esteja entre os países mais desenvolvidos no aspecto dos estudos meteorológicos, tem procurado avançar. Além de duas instituições nacionais de estudos climáticos, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) e o Inmet, o país dispõe de institutos regionais com forte atuação local, caso da próprio Funceme.
Costa destaca a experiência européia de emprego das informações meteorológicas no setor. ?Lá, o conjunto das empresas utiliza estes dados. Existe um mercado de energia onde os produtores de energia leiloam os megawatts que produzem. E para saber exatamente quanto vai ser possível gerar em um parque eólico, por exemplo, ele precisa saber com exatidão quanto será gerado de vento durante um determinado período?. No Brasil, ao menos no setor hidrelétrico, técnicos monitoram tanto o nível dos reservatórios quanto a vazão.