A Alemanha assume no próximo dia 1º a presidência temporária da União Européia (UE) e avisa que quer debater melhores condições para investir no Mercosul e acelerar o processo para a conclusão de um acordo entre os dois blocos em 2007. O Mercosul foi praticamente ignorado nos últimos seis meses na agenda européia, presidida pela Finlândia. Agora, com a Alemanha na presidência, a tendência é de que a região volte a ter certa atenção diante dos investimentos alemães no continente.
Segundo informou a chancelaria alemã ao Estado, o foco na região será o de criar melhores condições para que as empresas européias invistam no bloco, incluindo acordos de bitributação e fortalecendo as garantias jurídicas para a atuação das companhias.
Berlim também quer fazer avançar as negociações entre a Europa e o Mercosul para a criação de um acordo de livre comércio. ?Vamos trabalhar para a conclusão em 2007, mas não podemos predizer se isso ocorrerá?, disse um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha. Segundo ele, uma reunião entre as delegações do Mercosul e da Europa poderá ocorrer na segunda metade de janeiro em Bruxelas.
Na Comissão Européia, diplomatas revelam que a estratégia será a de ver primeiro como ocorrerão as negociações paralisadas da Organização Mundial do Comércio (OMC), para só depois retomar as ofertas de abertura dos mercados europeus aos produtos agrícolas do Mercosul.
Se com o Mercosul ainda não há um prazo para fechar o acordo, a Alemanha quer lançar negociações com a Comunidade Andina e países da América Central para que um entendimento comercial seja fechado. Segundo um diplomata alemão, o objetivo dos europeus é o de não isolar os países que estejam adotando políticas de esquerda para que não haja radicalização da região contra os investimentos estrangeiros. Tanto a Venezuela como a Bolívia, portanto, não devem sofrer nenhum distanciamento por parte da UE, pelo menos por ora.
Prioridade
Se a América Latina volta ao radar dos europeus, Berlim, que também assume a presidência do G8 em 2007, não esconde que sua estratégia no comando dos dois grupos tem como principal prioridade política entre os países em desenvolvimento a situação crítica da África.
Segundo os alemães, a situação que mais afeta hoje a Europa entre os países pobres é a da África, que continua provocando centenas de imigrantes para os países europeus todos os dias. Berlim planeja anunciar planos de cooperação para a África tanto em seu comando da UE como na agenda do G8.
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