Collor é elogiado em discurso de ‘mea culpa’ no Senado

Quinze anos depois de ser afastado da Presidência da República acusado de corrupção, num julgamento conduzido pelo Congresso Nacional, o ex-presidente Fernando Collor de Mello arrancou elogios de senadores que acompanharam por quase quatro horas seu discurso de estréia como senador eleito por Alagoas pelo PTB.

No discurso, Collor apresentou seu ponto de vista sobre o processo que culminou com seu impeachment e renúncia. Uma liturgia especial envolveu o testemunho de Collor. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), pediu, inclusive, que Collor atrasasse o início de seu discurso para presidir a sessão. Cerca de 40 senadores acompanharam o discurso.

Alternando choro e voz grave, Collor sustentou ainda que foi "vítima de vingança política e de desforra particular". Numa espécie de mea culpa, Collor disse que um de seus grandes erros foi "não ter tido relação adequada com o Congresso". Collor diz que no sistema presidencialista, o presidente tem de ser um líder político. "Fiquei mais na administração", afirmou.

Primeiro senador a apartear Fernando Collor em seu pronunciamento, Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que o ex-presidente foi anistiado pela Justiça e pelo voto popular, vez que foi eleito com cerca de 550 mil votos. O senador disse que o ex-presidente "pagou um preço muito alto por seus erros, num país onde ninguém paga".

O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), lembrou que participou da sessão do Senado que suspendeu os direitos políticos de Collor por oito anos, em dezembro de 1992, disse esperar, agora, que o Brasil não passe mais por um episódio semelhante, em virtude do tumulto que foi causado na época na vida política brasileira.

Relator da CPI dos Bingos, Garibaldi disse que depois do impeachment, passou a se preocupar mais com a investigação dos fatos, até porque, segundo ele, as investigações da CPI do PC não ajudaram a esclarecer os senadores sobre o julgamento que fizeram.

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