Brasília (AE) – O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel, refutou hoje (18) a possibilidade de o governo do Paraná ter fraudado as amostras coletadas em seu rebanho na investigação da existência de aftosa em quatro municípios do Estado. "Não vejo a menor possibilidade (de fraude)", disse. "Não tenho nada de concreto para fazer uma afirmação como essa." Ele admitiu, no entanto, que técnicos do ministério não participaram das coletas iniciais enviadas para análise laboratorial. O secretário acrescentou, ainda, que mantém a orientação de continuar investigando a suspeita de focos de aftosa no Paraná. "Queremos ter um resultado final com condições de ser auditado", comentou Maciel.

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As investigações sobre suspeitas de foco no Estado transformaram-se numa verdadeira batalha entre o governo do Paraná e o Ministério da Agricultura. No final de outubro, a Agricultura isolou 36 municípios paranaenses devido a indícios de animais doentes no Estado. Esses animais teriam tido contato com o gado de Mato Grosso do Sul, onde já foram confirmados 22 focos da doença. No entanto, exames laboratoriais feitos com amostras coletadas no Paraná deram negativo. Ainda assim, o Ministério da Agricultura insiste em manter as investigações.

Na quarta-feira, o governo do Paraná atacou o governo federal. O diretor-geral da Secretaria de Agricultura do Paraná, Newton Pohl Ribas, disse que recebeu uma proposta de técnicos do ministério para que o Estado assumisse ter focos de aftosa. A estratégia teria como objetivo recuperar a credibilidade internacional do Brasil, em razão da demora na divulgação de um laudo conclusivo. O ministério negou "veementemente" a suposta proposta. Ao mesmo tempo, porém, começaram a circular rumores de que o Paraná teria enviado amostras de animais sadios para os exames.

Uma possibilidade para pôr fim ao impasse, segundo interlocutores da iniciativa privada, é fazer nova coleta de material. "Há uma briga política que prejudica a todo o setor", comentou um empresário. "É uma briga de cachorro grande."

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A indefinição com relação ao Paraná deixou impaciente o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que cobrou uma decisão de seus técnicos. Nesta semana, diante da ausência de resultados positivos, o Ministério da Agricultura concordou em reduzir a área isolada em razão das suspeitas da doença.

Hoje (18), o Ministério da Agricultura tentou desfazer o mal-estar divulgando uma nota em que nega de forma "veemente" a suspeita de fraude na coleta. De acordo com o governo, "em nenhum momento essa possibilidade foi cogitada". Segundo a nota, as decisões técnicas adotadas "têm embasamento científico e seguem rigorosamente as regras determinadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)".

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O secretário Maciel também tratou de desmentir os rumores de fraude. Ele explicou que a primeira coleta das amostras foi feita apenas por técnicos do governo do Paraná. Posteriormente, porém, veterinários do Rio Grande do Sul foram deslocados para o Paraná para acompanhar os procedimentos técnicos nas fazendas onde há suspeita da doença. Esses procedimentos incluíram novas coletas de material.

As propriedades onde há suspeitas de focos ficam nos municípios de Loanda, Amaporã, Maringá e Grandes Rios. Cerca de 600 amostras foram encaminhadas para análise no Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém do Pará. Além de sangue, foram encaminhadas vísceras e parte do esôfago dos animais que apresentaram sintomas clínicos da doença.