Candidatos e partidos costumam questionar as pesquisas de opinião pública pré-eleitorais quando não lhes são favoráveis. Outros repetem frases-feitas, sofismas, expressões que podem ser, como dizia o poeta, rimas, mas nunca uma solução. Há os que fingem infindável otimismo, dizendo que ainda falta meia dúzia de dias para as eleições e que tudo vai mudar. Que eles, mesmo ocupando os últimos lugares nas preferências populares, vão lograr a vitória, alcançando o candidato que desponta em todas as pesquisas em primeiríssimo lugar, até mesmo com sobejas chances de eleger-se no primeiro turno, ou ainda com maiores vantagens num segundo turno.
Gostem ou não, as pesquisas apontam Lula como o candidato com todas as chances de vitória. E os seus contendores, por mais discursos que façam, pronunciamentos que repitam e denúncias que lancem, até mesmo com provas, só fazem descer a escada das preferências populares.
Não seria adivinhação desde logo acreditar que Lula será reeleito e só um milagre ou praga mudaria este prognóstico. Não são um, nem dois, nem três institutos que o apontam como o preferido do eleitorado. Todos, sem exceção, indicam que a maioria do povo o quer presidente de novo, com ou sem mensalões, com ou sem sanguessugas, com ou sem o comprometimento comprovado de seus correligionários petistas em atos ilícitos. Lula passa indene por tudo isso e a cada dia, mercê de sua inteligente oratória e sua empatia com as massas, só se fortalece.
Já não acontece o mesmo com os seus correligionários. O ex-ministro Delfim Neto disse dias atrás que Lula não foi nem será eleito pelo PT. Ele é que está levando de carona as agremiações e políticos que o apóiam. Uma olhada no quadro eleitoral dos estados mostra que o futuro governo Lula deverá ser uma colcha de retalhos. Mais remendada ainda que a sua administração atual. Em São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, enfim, na maioria das unidades federativas, os aliados de Lula terão votações inexpressivas. Lula deverá ganhar, mas para governar terá de montar uma colcha de retalhos. A maioria dos governadores será da oposição e é previsível que o mesmo acontecerá no Congresso Nacional.
A experiência pretérita e que está se findando não foi lá das melhores. Políticos e partidos aproveitadores (ou aproveitados) uniram-se ao presidente vitorioso e, ao invés de ajudar, mamaram nas tetas do governo, produziram as maiores maracutaias, quase comprometendo até o nome do presidente. Este conseguiu, pelo que provam as pesquisas, sair ileso, fazendo acreditar que foi vítima e não conivente com a turba que o cercou. O seu novo governo terá de ser uma colcha de retalhos porque quase nenhum dos candidatos que o apóiam ou dizem que o apóiam, embora nada tenham a oferecer, logrará ser eleito. Um sério risco para o presidente. Espera-se que a lição do primeiro mandato lhe valha e que não permita que voltem as maracutaias, os mensalões, os caixas 2. Os clientes desses negócios escusos estão com as bocas escancaradas, loucos para dar uma mordida no prestígio que é só do presidente. Estas eleições demonstram à saciedade que das forças situacionistas prestígio mesmo só tem o presidente Lula.